O BOAVISTA


Ontem estive no Bessa. Já tinha saudades sobretudo de falar com alguns dos indefectíveis do clube axadrezado: o Manuel do Laço, o Rui, o Cipriano, o Mané, a dona Fernanda... Gente boa, que sofre muito neste momento, sobretudo quem é funcionário e não recebe o seu salário. A assembleia geral decorreu na garagem do clube e contou com a presença de meio milhar de associados, dos mais diversos estratos sociais, se bem que a base popular continua a ser um dos grandes património do Boavista. Que não pode ser hipotecado ou penhorado. O clube e a SAD estão de mãos atadas. O passivo - 80 milhões de euros ou mais... - é esmagador, as acções de insolvência do Fisco e da Somague continuam à espreita, há mais processos semelhantes a correr nos tribunais e o clube não pode inscrever jogadores enquanto continuarem pendentes uma mão-cheia de processos, de que é exemplo a reclamação de Frechaut. O Boavista já chegou a acordo com vários clubes para a cedência de jogadores mas não pode inscrevê-los. O tempo também corre contra o clube presidido por Álvaro Braga Júnior, um dirigente empenhado, que se atira para o chão e que não desiste. Mereceu bem as palmas que foi ouvindo durante a assembleia geral. Está aí também a Associação Amigos do Boavista, formada por gente influente, com conhecimentos e boas ferramentas técnicas, no qual me apercebi da presença do advogado Álvaro Rodrigues. O seu primeiro objectivo é a realização de uma auditoria séria, que permita uma radiografia perfeita da situação financeira e económica da SAD e do clube pois neste momento nem a direcção nem a administração têm a noção do estado da...nação. Perceber o que aconteceu de 2001 para cá é fundamental para este novo grupo de apoio ao Boavista. A doença que o afecta, e á SAD, continua a parecer terminal mas a verdade é que a resistência é um facto. E o milagre continua a ser possível. Gostava que chegasse o dia de ver novamente o Manuel do Laço sorrir. E com eles todos aqueles grandes e verdadeiros boavisteiros que hoje estão a sofrer bastante.


O futebol português precisa do Boavista. Esqueça-se, por isso, a raiva gerada por aquele título nacional de 2001 que deixou 9,9 milhões de portugueses com vergonha dos seus clubes.