QUANDO O ASSUNTO É PAIXÃO...

Ok, todos sabemos que quando o assunto é paixão rapidamente se perde a razão. Por isso é sem espanto que reparo que portistas e sportinguistas têm...razões de queixa da arbitragem de Bruno Paixão no clássico de ontem. Um jogo muito intenso, classicamente "com duas partes distintas" e ainda uma terceira (o prolongamento) e uma quarta (o desempate através de pontapés da marca dos 11 metros). Querem mais? Nos tempos que correm, é muito... Não sei o que os especialistas de arbitragem dizem, sei apenas aquilo que vi: o árbitro a deixar por marcar uma grande penalidade para cada lado e dúvidas noutros lances na grande área. Estava-se mesmo a ver que Bruno Paixão ia hesitar. Desde o primeiro minuto que fez uma "arbitragem defensiva", o que é meio caminho andado para que as coisas mais cedo ou mais tarde descambem. O jogo não foi fácil pois os níveis de testosterona, ou de naflatina, como diria Mário Jardel, estiveram sempre muito altos, mas a abordagem disciplinar do árbitro de Setúbal também não foi a melhor. Feitas as contas, a equipa mais prejudicada foi o FC Porto, pois perdeu Pedro Emanuel e Hulk para o difícil jogo com o V. Guimarães (já com Nuno Assis e Luís Filipe) que aí vem. Em termos de futebol jogado, foi uma partida de Taça, brava, emocionante, daquelas de que "o meu povo gosta". É o mais importante. O FC Porto mais uma vez teve estrelinha mas esta também se procura e foi isso que a equipa de Jesualdo Ferreira fez. O losango do Sporting teve momentos de grande plenitude. Posto isto, custa um bocadinho reduzirmos o clássico aos erros, factuais e reais, de Bruno Paixão, decididamente um árbitro que não tem andamento para estas vidas e que não tem condições para apitar jogos grandes. O que fazer com Bruno Paixão, que esteve longe (depuradas as paixonites) de fazer uma arbitragem miserável, é o grande desafio para os homens que mandam na arbitragem portuguesa.
PS - Os portugueses tiveram também um bom exemplo em Pinto da Costa, no final do jogo, do fenómeno conhecido por "rir por dentro".