MÃO PESADA


A juíza Manuela Sousa acaba de condenar António Henriques a 28 meses de prisão e Martins dos Santos a 20 meses. São penas pesadas tendo em conta o limite máximo (4 anos) e o facto de os réus serem primários. No seu acórdão, a juíza foi duríssima a considerou mais uma vez as escutas esclarecedoras e o silêncio dos arguidos uma espécie de sinal de comprometimento. Muito crítica também em relação ao sistema de classificação dos árbitros, que considerou viciado, no que ajuda o grande processo que está para julgamento em Lisboa. Carlos Pereira e Rui Alves levaram repreensões pela forma discipliscente como apresentaram a sua versão dos factos e a juíza passou pelas perícias aos jogos como cão sobre vinha vindimada, considerando que não é necessário haver manipulação da verdade desportiva para se provar um crime de corrupção desportiva, bastando a aceitação do acordo. Pode parecer um pormenor mas é um caminho que a ser seguido nos outros processos que estão para julgamento - Boavista-Estrela e Beira-Mar-FC Porto - pode ser decisivo em mais condenações. No final da sessão, Martins dos Santos desabafou e anunciou o seu fim na arbitragem a que estava ligado como técnico. "Infelizmente eram coisas normais nesse tempo", foi como classificou, a minha insistência, o contacto inicial de António Henriques. Martins dos Santos parecia concluir, embora no final do jogo, que devia ter apitado dentro do tribunal.