A CRISE ESTÁ AÍ

Na semana em que fiquei a saber, através da revista "Dragões", que Pinto da Costa é accionista da Cofina e é parcimonioso nas gorjetas que dá aos arrumadores, a crise que também afecta dos clubes portugueses voltou a ser um assunto lateral. Toda a gente continua a assobiar para o ar. O aviso de tsunami foi dado mas a praia continua cheia... Com o Estrela e o Boavista - duas referências dos últimos anos - à beira da falência, outros clubes se alinham em frente ao pelotão de fuzilamento. O Vitória de Setúbal do inchado Lourenço agora até diz que a culpa é da Quercus - ai que saudades, ai, ai, daquele presidente que pelo menos conseguia atravessa o Sado a nada. O Estoril está também prestes a passar do Lagos para o charco, o Belenenses está há muito tempo em números negativos, o Rio Ave está a ver se se salva com o empreiteiro que saltou para a sua presidência e até a Naval do chapelão Aprígia começa a sentir dificuldades pois os negócios do presidente também estão a ser afectados pela "conjuntura mundial". Quem se vai salvar? Os grandes, embora Dias da Cunha já tenha vindo dizer que até o Sporting vai morrer. Pois bem, e medidas? Onde estão elas? Quem faz pressão junto do Governo para que sejam tomadas medidas excepcionais para a chamada "indústria do futebol?" Bem, a Liga chamou esta semana o presidente do Estrela mas não lhe resolveu o problema. Como já lá vão os tempos em que Manuel Damásio fechou o "totonegócio" ou em que Pinto da Costa conseguiu finalmente tirar a organização dos campeoantos da FPF ou mesmo o tempo em que Valentim Loureiro tomava medidas excepcionais para salvar este ou aquele clube. A Liga segue em linha recta, não se quer meter em caminhos tortos e percebe-se que seja assim. O que não se percebe é este silêncio de quem está na cabeça do touro face à estalada que vem aí e que até pode pôr em causa a homologação do campeonato em curso, caso as falências se sucedam. Não se espantem. Quando vemos Rui Costa, director desportivo do Benfica, a defender medidas extremas...tudo é possível. E será que alguém já se importou em apurar qual é de facto a dívida dos clubes profissionais ao Fisco e à Segurança Social. Pelas minhas contas, 150 milhões de euros. Reparem que disse milhões e não mil milhões. O que é isto comparado com as verbas astronómicas que o Estado está a injectar em bancos manhosos?