VERGONHA NACIONAL


Depois de se ter contentado com um nulo na Suécia - quando teve toda a segunda parte para ir à procura da vitória -, a Selecção Nacional conseguiu fazer ainda pior: empatou em casa com a Albânia! Parece mentira mas, infelizmente, é mesmo verdade. E se da vergonha já ninguém escapa, pois toda a Europa (e não só) vai comentar este ridículo e histórico resultado, mais grave é constatar que, agora sim, a qualificação para a fase final do Campeonato do Mundo de 2010 está seriamente em causa.É difícil dizer o que correu mal em Braga, pois não me recordo de nada que tenha sido positivo. E os erros, cedo se percebeu, começaram antes da bola rolar. É que se fazia sentido Queiroz abdicar de Fernando Meira, em relação ao onze de Estocolmo, para lançar Danny, jamais entenderei a inclusão de três médios de características semelhantes. Raul Meireles, João Moutinho e Manuel Fernandes juntos, de início, para quê? E a aposta repetida em Hugo Almeida, em detrimento de Nuno Gomes, também não convence. Para além do avançado encarnado atrevessar um período mais convincente, é difícil admitir que o dianteiro do Werder Bremen seja mais útil à equipa. O jogador do Benfica é mais experiente, tem outra mobilidade, combina melhor com os médios e alas, é... melhor! Os poucos minutos em campo foram elucidativos. Com os suecos, com a tal conversa do duelo físico, ainda entendi a opção, mas agora não. Contudo, se calhar, a questão nem deve ser colocada assim mas de outra maneira: Portugal não devia jogar sempre com dois pontas de lança quando, diante dos seus adeptos, apanha gente como os albaneses?Queiroz podia, depois, ter sido mais lesto e atrevido nas substituições. Esperou, mandou os reservas aquecer, hesitou, voltou a trocar as peças, mas foi sempre demasiado conservador, visto só ter recorrido ao segundo ponta de lança na derradeira mexida. Não compreendo! Uma equipa que se quer capaz de lutar pelos títulos "a sério" não pode ter receio de nada. E muito menos de uma Albânia que jogou quase uma hora em inferioridade numérica.Mas, independentemente das opções tácticas, há que dizer que os jogadores, aqueles que decidem as partidas dentro do campo, também têm culpas. Muitas! Há para ali muita gente fora de forma, a jogar mal e, pior que isso, a exibir tiques de vedetismo que, claro está, nunca ajudam às vitórias. Pelo contrário... propiciam os desaires. Ser bom é importante, mas fulcral é mostrá-lo sempre. Nos grandes jogos e contra... as Albânias. Palpita-me que alguns "artistas" vão passar mal quando os ausentes desta dupla jornada estiverem de regresso.Como se o resultado e a exibição não fossem suficientes, pelo meio, via televisão, ainda vimos o presidente federativo a abandonar as bancadas a cerca de 10 minutos do final (oficialmente foi à casa da banho); o capitão de equipa a reagir mal aos assobios do público aquando de um passe perdido e o seleccionador, desesperado, a não conseguir manter uma postura serena no banco. Ele que falhou o "flash interview" porque, oficialmente, se perdeu nos corredores do estádio. Em suma, foi tudo uma vergonha!
PS - Como não poderia deixar de ser, os saudosistas de Scolari estão nas suas "sete quintas". Até parece que torcem para que Portugal não ganhe. Penso que não se devem misturar as coisas, pois independemente do nome do responsável... importante é a Selecção vencer. E já agora, recorde-se que com o técnico anterior não foram só rosas e brilharetes, também tivemos más exibições e resultados cinzentos. E se a memória não me atraiçoa, após 17 embates de preparação, a estreia "a doer" do "Sargentão" foi com um desaire, no Dragão, perante a Grécia (1-2) no arranque do Euro'2004...

LUÍS AVELÃS também em http://www.record.pt/