João Marcelino tem toda a razão


Fica já esclarecido, que provavelmente nos últimos vinte e dois anos, poderei ter falado uma vez com João Marcelino. Acho que foi num curso de árbitros (julgo que um dos oradores) quando Marcelino era jornalista de futebol e tecia duras criticas a algumas arbitragens.
Mas que tem toda a razão no artigo que escreveu ontem no Diário de Noticias, lá isso tem.
E só não concordará com ele quem nunca jogou futebol.
Aqueles que nunca passaram por um balneário de campo de terra batida.
Aqueles que ao domingo não corriam depois do almoço para serem os primeiros a chegar aos campos das suas terras para serem apanha bolas.
Aqueles que nunca acompanharam as verdadeiras dificuldades do futebol de formação.
Há muitos candidatos a Queiróz, que nas suas aventuras deixam outros para trás, que não são "servilados" nem bajulados pelo seu grau académico.
Quem foi um futebolista profissional, nem sempre teve tempo para na sua juventude conciliar o grau académico. Aliás o próprio trabalho de Queiróz nas selecções jovens, foi sempre na base do primeiro o futebol e lá para o fim os estudos.
O discurso dos professores de educação fisica foi sempre assim; na pré-epoca fala-se na escola, nas avaliações, nos estudos, em Outubro já so se pensa em resultados, em ter craques.
Antes que venham com a "estória" do Mourinho, ele foi sempre futebolista, é filho de futebolista profissional, cresceu e foi educado num relvado, num pelado e num balneário e conciliou o seu grau académico, daí não ser tratado como professor, pois não precisa do título.
Deixo aqui o desafio para o Eugénio colocar o link, com os onze pontos, pois não vou copiar o texto todo para o artigo.
As passagens iniciais do artigo de João Marcelino;

"Nunca esperei nada de muito significativo desta nova etapa da selecção nacional com Carlos Queiroz. Há demasiados anos que o vejo como um treinador banal de alta competição, bom programador ao que dizem, disciplinado e trabalhador, bem relacionado, que utiliza o servilismo de uma parte da imprensa portuguesa ("professor" para aqui, "professor" para ali) para esconder a falta dos atributos que mais devem habilitar um homem com as suas funções: carisma, capacidade de liderança e sagacidade nas opções técnicas, sobretudo a partir do banco.
A ausência destas qualidades, a que se soma a falta de experiência significativa como jogador, já fora anteriormente visada nas passagens pelo Sporting (onde não ganhou ao leme da melhor equipa dos últimos 20 anos do clube), pelo Real Madrid (onde foi despedido) e pela selecção (em que falhou o apuramento para o Mundial de 1994). Descontando o trabalho às ordens de Alex Fergusson, um verdadeiro líder cuja longevidade desesperou o actual seleccionador nacional e o fez agora abandonar Manchester, o resto foram experiências irrelevantes no futebol do terceiro mundo.
Queiroz continua a recolher ainda hoje os dividendos do investimento feito em 1989 e 1991 com os títulos mundiais de sub-20, quando levou ao limite a capacidade familiar de alguns jovens com qualidade futebolística para os manter perto de 250 dias em estágios sucessivos - coisa absolutamente anormal para o escalão e que alguns desses jovens pagaram de forma dura em termos académicos e culturais. .... 11.O pior de tudo é o seguinte: em três meses apenas, Queiroz cortou a relação da equipa nacional com o seu público. Como se vai reconstruir agora essa ligação?"