CARLOS TEIXEIRA, O PESADELO DOS FUTEBOLEIROS


«Durante anos foi quem fez tremer os homens que mandam no futebol. Pôs sob escuta e mandou deter Valentim Loureiro e Pinto da Costa no âmbito do Apito Dourado, o processo que permitiu desvendas vários dos segredos dos bastidores da bola. E chegou a pedir à juíza de instrução criminal que aqueles dois dirigentes ficassem em prisão preventiva.
Não o conseguiu, mas logrou ser odiado pelos visados no processo, que o acusaram de perseguição e de, cirurgicamente, não ter direccionado a investigação contra os clubes do Sul, o Benfica e Luís Filipe Vieira mais concretamente.
De 43 anos, Carlos José Nascimento Teixeira está agora de saída do Ministério Público de Gondomar, após 16 anos de trabalho como procurador-adjunto. Foi promovido a procurador da República e começa a trabalhar amanhã na Madeira.
Cerca de 70 colegas e amigos ligados ao Tribunal de Gondomar promoveram-lhe uma festa de homenagem na passada quinta-feira. Um jantar e uma prenda seguiram-lhe a um "sprint" final de acusações em processos pendentes do Apito Dourado contra Valentim e pessoas próximas.
O caso "Quinta do Ambrósio" - em que o major e mais 10 ou 11 arguidos deverão ser acusados na próxima semana - é o mais sonante, envolvendo interesses e lucros de milhões em terrenos e circulação de dinheiros em "off-shores".
Licenciado em Direito em Coimbra, Carlos Teixeira andou três anos a estudar para padre num seminário e chegou a pensar em ir para médico. Desde miúdo que os amigos da aldeia de Rebordelo, Vinhais (Trás-os-Montes), lhe conheciam o gosto pelos estudos e... a falta de habilidade para o futebol. Também não tinha jeito para a agricultura, mas - revelou o pai numa entrevista - aos 12 anos já sabia conduzir o táxi Mercedes que era o ganha pão da família. Pai de dois filhos, Teixeira está separado.
Após deixar marcas em Gondomar e contribuído para o abalo no futebol nacional, tem agora outro desafio. Nos bastidores, há inclusive quem diga que a sua ida para a Madeira não acontece por acaso e que Alberto João Jardim não terá descanso...»

NUNO MAIA, no JN