ESTES JOGOS NÃO SÃO PARA FALHADOS


Estive a trabalhar em Barcelona 92 e vim embora sem poder contar a história de uma medalha. Não sou um tipo das "modalidades" mas estar nos Jogos Olímpicos foi para mim uma experiência extraordinária. Na tribo que conheci, porém, apenas fiquei a simpatizar com Mário Moniz Pereira. Também ele é anti-futebol mas, como todos sabemos, a sua vasta cultura jamais reduziu o seu discurso ao miserabilismo que de quatro em quatro anos nos é servido. Moniz Pereira, aliás, é um dos poucos treinadores-não-de-futebol que apresentou resultados - e que resultados!!!! Aproveitando as férias, tenho seguido os Jogos em directo e hoje tive mais uma jornada para esquecer. Enquanto o Brasil ganhava a sua 10.ª medalha na natação (nós por cá continuamos a zero), fiquei a saber que os nadadores portugueses só experimentaram os novos fatos - concebidos com tecnologia portuguesa - em...Pequim e que não se adaptaram. Saltou a seguir a miúda do trampolim, grande promessa até quase cair... Faltava o Obikwelo, ex-trolha e ex-nigeriano que me espantou com a sua certeza de que ia conquistar uma medalha na conferência de Imprensa que deu em Pequim - na meia-final, foi 6.º e ficou fora da superfinal. No fim, pediu desculpa aos portugueses por ter falhado. E aqui é que está a diferença entre este rapaz que fala portunhol e os restantes falhados. Tal como vi em Barcelona, o argumento é sempre o mesmo: arranjar uma desculpa qualquer, manifestar enfado pela atenção que se dá ao futebol e, em última instância, criticar o prazer mórbido dos jornalistas luso pela desgraça nacional. Está na hora de, antes de distribuirmos o nosso dinheirinho por esta malta, separar estes snobes que se mantém nas federações e nos comités olímpicos do que é o verdadeiro espírito desportivo. Com esta casta de falhados não iremos lá! Haja ainda esperança em Vanessa, Nelson e Naíde e no nossa barco de "Star". Se este último falhar, vão ver que a culpa foi do vento, da vela ou das bóias de viragem...