APITO PÍFIO

Valentim Loureiro é exemplar único. Confesso que não posso deixar de admirá-lo. Pela energia, pela capacidade que tem de ir ao tapete e se levantar antes do KO, pela excentricidade e também pelo poder que tem de relativizar as coisas (qualidade essencial para os habitantes do planeta). Valentim é um gato com sete vidas e também irá escapar deste processo sem gastar uma delas. Ele próprio se classificou como "a vedeta" do processo Apito Dourado. Mais uma vez tem razão. Vedeta ou troféu de caça, vai dar ao mesmo. O que se sabe agora é que o tribunal não conseguiu acusá-lo de corrupção desportiva. Foi condenado por abuso de poder e só a junção de um crime de prevaricação, que nada tem a ver com o futebol e que ninguém porque está no processo, é que pôde ser condenado em 3 anos e 2 meses de prisão embora com pena suspensa. Para que conste, no crime de prevarização estão em causa 15 mil euros e um processo que acabou por se realizar na área da educação, com a criação de um site. Com 80 mil horas de escutas, o MP deduziu sobre Valentim quase trinta processos. Um foi agora julgado, outro está para julgamento (Boavista-Estrela, um jogo que os axadrezados até perderam...) e outro pode vir a caminho (Quinto da Ambrósio). Para quem pescou de arrasto, foi fraca pescaria. Está mais que provado que a nossa investigação é apenas eficaz quando em causa está o narcotráfico ou crimes de barra pesada, quando a questão é o crime económico e afins...é o que mais uma vez se viu: resultados pífios. Quem ganha com isto tudo? Sem dúvidas, os grandes escritórios de advogados... Os arguidos e o povo, esses, são simples figurantes do espectáculo (pseudo) justiceiro.