NELO BARROS

A morte de Nelo Barros não mereceu mais que uma nota de rodapé nos nossos jornais. É pena. Porque há histórias de vida que merecem sempre ser recontadas. É o caso. Nelo Barros jogou no Fafe, no Boavista e na Académica, entre outros clubes, e só arrumou as botas quando tinha 41 anos, depois de uma passagem pelo Benfica, onde foi duas vezes campeão. Como treinador, o seu maior feito foi ter conseguido subir o Vizela à I Divisão, em 1983, tendo saído depois de conseguir a subida, para dar lugar a José Romão, que aí começou a sua carreira de treinador. De então para cá, foi um discreto mas não menos eficiente "olheiro" do Benfica em terras do Norte, tendo descoberto, por exemplo, Rui Costa e Vítor Paneira. Nelo era um daqueles treinadores com cheiro de balneário e que nos prendiam com as suas estórias e com a forma como levavam a vida. Verdadeiros líderes "low profile", sem assessorias de imprensa, descaramento ou soberba. Homens simples que acabaram por pagar o preço da sua simplicidade num mundo que repara cada vez mais no aparato e que se entusiasma facilmente com quem atinge o sucesso nem que seja atropelando tudo e todos. Estar com Nelo Barros era estar sempre a aprender. Por isso, a sua morte, com 90 anos, na qualidade de sócio n.º1 da Associação Nacional de Treinadores de Futebol, merece outro sublinhado neste espaço. Com saudade e respeito por um treinador íntegro e por um homem bom.