JORNAIS


De 3 em 3 meses lá vem a lenga-lenga do costume a propósito da venda de jornais em Portugal. São momentos particularmente interessantes pois obrigam os editores a uma criatividade bestial para conseguirem encontrar uma abordagem positiva de números que continuam em queda. O mais fácil costuma ser comparar o que vai mal com o que vai ainda pior. É uma perspectiva. A verdade é que, em Portugal, na imprensa diária apenas um jornal mantém uma dinâmica de vitória, que é o "Correio da Manhã". Com todos os defeitos que com certeza a clientela do BnA pode encontrar na publicação que nasceu numa cave de um edifício da Rua Rubens Leitão, fruto da iniciativa de Carlos Barbosa e Vítor Direito, a verdade é que é um jornal que continua a "cortar à Direito", olhando sempre em primeiro lugar para o impacto que as notícias podem ter nos leitores e só depois para questões de ordem ético-filosófica, sem nunca questionar as suas matérias em função de interesses pessoais, políticos e económicos. Sei que esta verdade custa sobretudo para os intelectuais do jornalismo e para os puritanos que ganham o seu na qualidade de provadores de leitões ou de mestres de candidatos ao desemprego ou às galés de estágios a 300 euros por mês durante 5 anos. Quanto ao caso específico da imprensa desportiva, abstenho-me de fazer comentários porque acho que não os devo fazer. Tenho a minha opinião e dou-a sempre que ma pedirem. Sei como é difícil comandar um barco em mar tão encapelado e contra a corrente. Esperemos, por aqui, por melhores dias, por melhores espectáculos, por melhores ideias e também por melhores leitores que não se contentem com as chicletes dos gratuitos e com a informação refogadas das televisões.