Bento


Morreu Bento. O melhor guarda-redes da sua geração. Bigode comprido (os colegas conheciam-no por "Pincel" ou, os mais íntimos, por "Pé de Chibo"), cabelo desgrenhado, equipamento desalinhado, instintos felinos e emoções sempre à flor da pele. Manuel Galrinho Bento marcou a sua época e para muitos será sempre o melhor guarda-redes do Benfica e um dos melhores da selecção nacional. Convivi algum tempo com ele, sobretudo no Mundial de 86, no México, onde me deu uma surpreendente entrevista subordinada ao título "Se não fosse o cozinheiro já tínhamos ido todos embora". Esquecido durante algum tempo pelo Benfica, Bento chegou a ser treinador adjunto do Leça e foi nessa condição que o vi pela última vez. Morreu hoje o homem, fica o mito. E as histórias que dele ainda podem ser contadas sobre um guarda-redes de feitio difícil que mas conseguia parar o tempo quando voava para as bolas e evitava golos feitos. O tal guarda-redes que "mamou" cinco golos, pela selecção, na Rússia e que disse que a culpa tinha sido da fruta. Olhem se fosse hoje... O pior que lhe aconteceu, no regresso, foi porem-lhe um fardo de palha à porta de casa. Apenas uma estória entre muitas que a família BnA pode ajudar a acrescentar. Fica o desafio.