ASSIM VAI O MUNDO



A radiografia - melhor seria dizer endoscopia... - do futebol luso faz-se bem vendo-o pelos presidentes que temos. Começando pelo O Maior, PC, com mais de 25 anos de reinado, podemos dizer que, aos 71 anos, está como o aço, embora agora mais caladinho, na ressaca do Apito Dourado, que ainda terá mais uma onda com o julgamento do Beira-Mar-FC Porto, com Duarte e Araújo, e a ver o que dá o recurso do MP do arquivamento do Estrela-FC Porto. A verdade é que PC continua intocável, com os laços reforçados ao nível da Liga Sagres, com prestígio, poder, carisma, enfim, o que todos sabem. Temos depois LFV, desde a assumpção de Rui Costa um líder a apagar-se, com breves fogachos e um caminho a desenhar-se no sentido de mais cedo ou mais tarde passar a pasta ao Maestro. No Sporting, Soares Franco anda agora armado em salvador da pátria e falta saber se é mesmo ou se apenas é mais um para somar passivo antes que chegue outro visconde para apanhar as pontas soltas. O seu discurso, por vezes incompreensível, quiçá infantil, de bebé-chorão, é que não pega... No Vitória de Guimarães, Emilio Macedo tem-nos poupado a agressões ao português e ainda bem, continuando com algum crédito sobretudo graças a Cajuda, porque no dia em que o Ti Manel sair...vamos ver! No Sporting de Braga, aí, sim, está o verdadeiro Salvador, um pedreiro que se tem refinado ao rodear-se de uma "entourage" que, quer se queira quer não, vai marcando pontos. Na Trofa, é sabido que o clube está pendente do dinheiro do seu presidente mas basta ir lá para se perceber que ali se está a fazer trabalho, o que pode não chegar, pois a massa crítica é curta. Em Vila do Conde, saiu Paulo Carvalho, provavelmente o melhor dirigente desportivo português, porque Mário de Almeida gosta de ser o protagonista e arranjou um empreiteiro para o lugar, ou seja, mais do mesmo, mais tarde ou mais cedo Carvalho irá voltar e o nosso futebol bem precisa dele. Em Coimbra, Simões resiste aos processos e à acusação de ter desviado 60 mil euros da bilheteira e luta contra as tertúlias da cidade, posição que à partida o condena pois os doutores da cidade não perdoam estas coisas. Na Figueira, o homem do chapéu está mais preocupado com a situação das suas empreitadas e não tardará muito até fechar a torneirinha, vale que encontrou um treinador com "eles" no sítio e que sabe da poda. Descendo a Lisboa de novo, no Belenenses ainda ninguém percebeu quem é que manda no clube mas já dá para entender que o "dedo" de João Freitas pode contribuir muito para a recuperação do clube, obviamente com a ajuda de Jaime Pacheco e do seu dream team. No estuário do Sado é o que se sabe e a última entrevista do biógrafo de Mourinho e ex-correspondente da TSF em Luanda foi bem expressiva, ou seja, ficámos com a certeza de que Lourenço nasceu com o rei na barriga e que esta irá ulcerar algures entre a Quinta da Rosa e o Bonfim. Na Madeira, obviamente a crise não irá chegar. Pereira está de pedra e cal no Marítimo, é o homem do sistema local e terá sempre reservas para fazer as suas brincadeiras, enquanto Rui Alves não lhe quer ficar atrás e está cada vez mais forte, embora sempre na posição de outsider, que é o que mais lhe convém, enquanto se arrisca, com Manuel Machado, a fazer o melhor campeonato da história do Nacional, pois tem team para isso. Ah, claro, falta falar de Carlos Oliveira, o presidente leixonense para quem, de facto, um euro é um euro e que apenas pode ver o seu trabalho ensombrado caso Narciso Miranda, seu inimigo fidagal, ganhe as próximas autárquicas mas isso só acontecerá, se acontecer, em Outubro do próximo ano e até lá muito água vai correr no porto de Leixões e muito contentor vai ser descarregado.



E assim vai o Mundo.