PROENÇA, O NOVO


Leio uma entrevista de Manuel Luís Mendes a Pedro Proença, árbitro do ano pela terceira ou quarta vez, e encontro uma revelação: afinal, Pedro Henriques é do Sporting. Não sei o que é que isto tem a ver com o caso. Mas gostei de saber pelo gestor de falências que o nosso major é verde desde pequenino. Aliás, não resisto e vou reproduzir a peça: JN|Há três anos ficou em primeiro, há dois em sexto e, agora, em primeiro. É um arbitro irregular?
Pedro Proença |De modo nenhum. Repare que, nas últimas épocas, fiquei em primeiro, segundo, primeiro, segundo, sexto e primeiro. Não vejo nenhum outro que tenha tal performance e regularidade em alta. Mas tenho de dizer que as classificações são separadas por centésimas, daí que os lugares se alterem com frequência.Houve surpresa nas classificações? A grande surpresa foi a despromoção de Hélio Santos, uma pessoa impecável com quem trabalho todos os dias. É o que eu digo, desceu por pequena diferença. Internacionalmente, parece não ter o mesmo crédito do que aqui. Verdade? Não é verdade. Sou internacional há quatro anos e, nos cinco níveis que existem estou no segundo, logo a seguir ao do Olegário Benquerença e no do Lucílio Baptista. Já dirigi a final do Europeu de sub-19 e já estive no Qatar. Em quatro anos, e com 36 de idade, já me afirmei, internacionalmente. Há quem diga que os nossos árbitros são melhores lá fora do que cá dentro... A única diferença que existe é a da pressão e do respeito. A organização da UEFA não permite certas situações que não favorecem a tranquilidade dos árbitros, como acontece aqui.Por outro lado, em Portugal há mais envolvência, pressão e menor respeito pelos árbitros.Os próprios jogadores são diferentes nos jogos europeus. Os nosso jogadores têm menos fair-play? Há aqueles que, por temperamento, têm uma conduta mais calma e, outros, que são mais agressivos. É evidente que aqueles facilitam mais a tarefa do árbitro. Mas quero dizer-lhe que têm melhorado muito no domínio do fair-play. Veja-se que, nos grandes dérbis, não se registaram casos polémicos. Estamos a melhorar. E no Benfica- F. C. Porto já nem se falou no facto de ser sócio do Benfica... É uma questão recorrente que tende a acabar, pois verifica-se que, no terreno, o nosso clube é a arbitragem. Discordo de Pedro Henriques, que é do Sporting, que acha que não se deve divulgar a nossa simpatia. Você, como jornalista tem um clube, com certeza, mas isso afecta a sua neutralidade? Isso não passa pela cabeça de ninguém. Devemos ser honestos connosco e com os outros. Não olho para as cores das camisolas. As novas tecnologias vão beneficiar as arbitragens para o ano? Muito. Temos de agradecer ao Vítor Pereira e a Hermínio Loureiro um investimento tão grande. A possibilidade de as equipas comunicarem entre si vai revolucionar a Liga da próxima época. Vai ser, por isso, um campeonato com menos erros. Vai aderir ao novo regime de profissionalização? Se ela for plena, não. Sou licenciado, gestor financeiro e não vou abdicar da minha actividade. Agora, se for parcial, vou ver, mas desconheço os termos do modelo de profissionalização.
Apito Dourado acha que os árbitros acusados devem continuar em actividade? Sim, já que enquanto não forem condenados são, presumivemente, inocentes. Os direitos e garantias dos cidadãos têm de ser respeitados, caso contrário seria anticonstitucional. O que desejo é que tudo termine de modo célere. Retardar é prejudicar o futebol.