ESCUTAS DOURADAS


Pinto da Costa encheu o saco com as frequentes notícias sobre as suas acusações e entende que chegou a hora de se defender na praça pública. É um direito que lhe assiste, embora persista sempre o risco de crispar ainda um pouco mais o Ministério Público quando tenta ridicularizar a sua argumentação. As escutas estão aí, os factos consumados e agora competirá ao MP fundamentar eventuais acusações e depois, em sede de julgamento, tentar prová-las (o que não será fácil). Aos visados e sobretudo aos seus advogados subsiste o direito à defesa e toda uma panóplia de recursos jurídicos pródigos nos nossos tribunais. Os advogados são pagos a peso de ouro, alguns deles até vêm do mundo da magistratura, onde pelos vistos a "coisa" não compensava grandemente, e todos eles pertencem ao lote dos craques. Por isso adivinham-se interessantes batalhas jurídicas, sobretudo nos gabinetes, onde tudo será feito para que o processo não comece a ser julgado - estourando já ou na fase de instrução (terreno fértil para incidentes processuais). É o que se saberá. Com alguma paciência. Até lá, os fanáticos de ambas as partes - aqueles que querem ver PC na prisão e aqueles que o idolatram - continuarão a usar a famosa "faca de dois legumes" enquanto quem está no meio e tem essa obrigação tentará continuar a dar notícias sobre um processo que incomoda muita direcção de jornal, rádio e televisão. Mas que é real e não fruto do imaginário colectivo, assentando nos pilares das famosas escutas telefónicas, essenciais para que as teses do MP possam apresentar-se em sede de julgamento com algum poder de fogo.
PS - Numa fase em que tanto se discutem os limites da liberdade de imprensa, não deixa de ser curioso como os teóricos do costume omitem as dificuldades e os problemas que os jornalistas que fazem a cobertura do Apito Dourado têm sentido ao longo destes 3 anos que já tem o processo. De facto, é muito fácil cagar postas de pescada.