ELEIÇÕES NO FCP


O FC Porto tem calendarizadas eleições para o próximo mês de Abril. Como é normal, é um assunto completamente marginal na vida do clube. Apesar dos problemas que tem com a justiça, Pinto da Costa depende apenas da sua vontade para continuar, embora o último jogo no Dragão tenha mostrado algo há muito tempo não visto por ali: a claque do Sporting a insultar o presidente do FC Porto e apenas uma franja do estádio a tentar, sem conseguir, abafar o cântico. Acredito que Pinto da Costa vai fazer o que já fez noutras ocasiões, prolongando o seu mandato por mais um ano e indo a eleições em 2008, já com 70 anos feitos, para mais 3 anos de mandato. Aquele que já é o dirigente desportivo português há mais tempo no poder, desde Abril de 1982, ameaça, assim, bater o recorde de Salazar (36 anos) caso se mantenha com saúde, lucidez e seguro quando se senta na sua cadeira no gabinete que tem no Estádio do Dragão. PC celebra em breve os seus 25 anos de poder com um currículo irrepetível e um carisma incomparável. É, apesar de tudo, um adversário muito difícil de bater. Mas vamos admitir que surgem mais candidatos ou que um grupo económico com poder na SAD entende que é preciso renovar. Quem poderá, aí, suceder a PC? Dois nomes saltam logo: Fernando Gomes, o histórico bibota, e António Oliveira, detentor de 11 por cento das acções da SAD e também um histórico do clube. Curiosamente, ambos com passagens por Alvalade, depois de terem conhecido problemas nas Antas... Um traço comum que não deixa de ser interessante. Mas há, quanto a mim, um nome que poderia fazer muito sangue: Belmiro de Azevedo. "Reformado" da Sonae, o ex-dirigente e praticante de andebol sempre foi um opositor da gestão de Pinto da Costa e é conhecido por ser um homem de grandes desafios. Pode ser o último a presidência do FCP?
Repesco o último editorial de Pinto da Costa na revista Dragões, a propósito da entrega dos Dragões de Ouro no casino da Póvoa:
"Houve um momento mágico, um momento muito meu, em que os pensamentos voaram e me transportaram à primeira festa que organizámos em 17 de Janeiro de 1986, no Hotel Infante de Sagres. Veio-me à memória as palavras que ali proferi então sobre o verdadeiro significado do dragão: 'Esta figura mitológica e conquistadores tem de se cada vez mais o símbolo do clube, da cidade e da própria região, em defesa contra os abutres que permanentemente esvoaçavam sobre os céus e os valores nortenhos". Não sei se aquelas palavras que pronunciei, como sempre com paixão e com a minha alma como pano de fundo, se configuraram numa mensagem, numa profecia ou num epitáfio. Mas o que eu sei, e disso não me restam dúvidas, é que os abutres não desaparecerem completamente dos céus do Norte, diria mesmo que refinaram a sua estratégia, reforçaram os seus ataques e ainda hoje, muito mais do que ontem, até entre si lutam pelo epitáfio que resta da nossa dignidade e do nosso orgulho. Hoje, como ontem, que cada um entenda este pensamento como uma mensagem, como uma profecia ou como um epitáfio."