COSTA MAS DA CAPARICA

Não tenho nada contra os campistas e até aprecio que se tratem por companheiros. Todo o campismo que fiz foi mais ou menos selvagem, no Gerês e na Peneda, quando as pernas ajudavam. Mas esta história da invasão pelo mar de um parque de campismo da Costa Caparica faz-me uma certa confusão. Ele são directos das televisões, obras várias de engenharia, pareceres de autarcas e ambientalistas e até o líder da oposição aproveitou para passar por lá para ir à boleia da exposição mediática do caso. Só faltou mesmo uma opinião do Al (só com um “ele) Gore sobre tão candente assunto que perturba a vida dos companheiros que vivem num parque de campismo com as mesmas mordomias que podemos ter lá em casa. É o que está a dar. Mas, dirá o leitor, o que tem isto a ver com desporto? Nada (não é ironia). Trata-se apenas de mais um caso que confirma a tese de um amigo meu, que diz que um buraco em Lisboa, ou nas imediações, tem quase tanto impacto como um terramoto em Gervide (Gaia). O que também se aplica a tudo quanto é caso futebolístico (bem, tinha de justificar o tema). Veja-se o Apito Dourado. Grande banzé vai por aí a propósito do poder de alguns senhores nortenhos da bola. Não contesto isto. Estamos mesmo a falar de gente poderosa. Mas estamos apenas a falar de uma parte da família. Poder e futebol casaram primeiro em Lisboa e só muitos anos depois foram viver para o Porto. Não esqueçam que durante muitos anos Benfica, Sporting e Belenenses alternaram a escolha do presidente da Federação Portuguesa de Futebol. E, que conste, nunca foram acusados de tráfico de influência. Penso eu de que.

publicado in "Linha Directo" Record/online