TODA A VERDADE


Pimenta Machado, durante 24 anos presidente do Vitória de Guimarães, está a acompanhar com a atenção o momento eleitoral do seu clube mas não se quer alongar sobre o mesmo. “Os sócios é que têm de se pronunciar, apenas quero dizer que qualquer uma das três candidaturas está no terreno com um propósito salutar, com projectos desportivos, e não com sentimentos de ódio ou de vingança, com o único propósito, como aconteceu com a direcção cessante, de destruir a imagem de Pimenta Machado”, disse. O antigo presidente vitoriano só fala agora porque “não queria ser acusado de utilizar os mesmos meios desta direcção, que sempre me fez a vida negra durante o meu mandato, mas está visto agora que esta foi uma direcção que caiu de podre pela sua total incompetência e depois de não ter tido ninguém a incomodá-la, como aconteceu comigo”, desenvolveu, acrescentando uma das suas frases lapidares: “ Caíram de podre e desnudaram à saciedade a sua total incompetência”. A mudança em curso está a ter para Pimenta Machado um efeito positivo. “A saída iminente desta direcção já tornou o Vitória ganhador e o que espero é que haja apoio porque nada está perdido, ainda acredito que a subida de divisão é possível”, afirma, satisfeito por ver que o clube se livrou “das ervas daninhas”. Agora, o importante é que, “com o apoio dos sócios, que têm sido extraordinários, se ajude a empolgar a equipa e o seu treinador”. O que não faz sentido, no seu entender, é que já se fala no regresso do treinador Manuel Machado. “É haraquiri, é uma atitude completamente provinciana e o senhor Manuel Machado devia estar calado e respeitar o Vitória porque o Vitória tem um treinador e tem jogadores e o que é preciso é que os apoiem”, precisa. Pimenta Machado desafia ainda a actual direcção a publicar o resultado da auditoria que mandou fazer e que terá detectado, a 3 de Junho de 2004, quando Vítor Magalhães tomou posse, um passivo de 8 milhões de euros (verba entretanto inflacionada para 12 milhões ninguém sabe bem como...). O antigo presidente garante que o passivo era apenas de 2,6 milhões de euros. “Houve necessidade de enganar os sócios com essa encomenda/estudo para, através dessa cortina de fumo de uma eventual dívida brutal, conseguirem autorização para hipotecaram o património do clube”, acusa. “Durante dois anos fizeram uma gestão à custa dos dinheiros que obtiveram do logro a que levaram os sócios e depois de gastarem esse dinheiro resolveram fugir, deixando o Vitória completamente descapitalizado, o que configura uma gestão danosa”, ataca ainda. O antigo presidente lembra que só os passes de alguns dos jogadores que deixou no clube – Palatsi, Bessa, Abel, Fangueiro, Guga, Rafael, Rogério Matias, Marco, Manuel José, Nuno Assis, Flávio Meireles, Romeu, Hugo Cunha, Cléber, Medeiros e Djurdevic…– “vendidos ao desbarato a 200 mil euros cada era algo que dava para pagar o passivo do clube”. Mas o que aconteceu foi que Nuno Assis “rendeu 750 mil euros e deixaram sair o Abel a custo zero e este rendeu 1,5 milhões de euros ao Braga…” Pimenta Machado orgulha-se de ter deixado um património de cerca de 70 milhões de euros. “O que mais queria hoje é que a nova direcção confirmasse se é verdade ou não números que eu deixei no clube porque o Vitória não é das direcções, é dos sócios e os sócios têm de ter acesso aos números verdadeiros”, replica, triste por ver que entretanto o passivo do clube “aumentou desmesuradamente a pretexto de dívidas monstruosas que levaram ao engano os sócios”, junta. Pimenta Machado sintetiza: “Foi uma gestão ruinosa que para além disso colocou o Vitória na II Divisão e sem jogadores valiosos”.

PS - Uma gestão danosa que, entre coisas, com os seus submarinos judiciários evitou que Pimenta Machado pudesse regressar ao Vitória com um projecto à dimensão do clube e da cidade. Ou seja, os danos continuam a sentir-se e tão cedo tal não deixará de acontecer...