LAVAR DE ROUPA SUJA


Tribunal de S. João Novo, Porto.
Segunda sessão de um julgamento singular no qual Pinto da Costa e Carolina Salgado se sentam no mesmo banco dos réus. Ele acusado de agressão à ex-companheira. Ela acusada de fogo posto ao escritório do ex-companheiro e do advogado Lourenço Pinto. Nuno Santos e Afonso Ribeiro (motorista de PC) também são arguidos, acusados de terem agredido Carolina e a sua irmã. Carolina hoje não apareceu, alegando doença, mas terá de estar presente na próxima 3.ª feira, sob mandado de detenção para interrogatório judicial.
Foi um longo dia sob a arbitragem de um juiz colectivo presidido por José Manuel Azevedo e no qual também se destacou a intervenção de um dos seus asas, João Grilo, o tal juiz que recentemente foi aplaudido neste tribunal quando absolveu uma mulher que matou o marido na sequência de maus tratos. Fica a síntese das declarações dos arguidos que já falaram (Afonso Ribeiro optou pelo silêncio) após uma audiência acompanhada pelo famoso guarda Abel, personagem que Pinto da Costa afastou quando abandonava à tarde o tribunal mas que acabou por ser apanhado pela câmara do meu telelé a passar à frente do carro presidencial...
NUNO SANTOS - "Carolina, que conheço desde o liceu, é capaz de tudo e de mais alguma coisa. É uma pessoa maquiavélica. Ela gosta de espalhafato, gosta de circo. Quando acompanhei o sr. Pinto da Costa à casa que era sua, onde ele ia recuperar alguns bens, ela tentou dar-me um pontapé. Disse que não tinha medo dos Pintos. Deu uma ou duas sapatadas no ombro do senhor Pinto da Costa e ele ficou incrédulo, ficou branco, pensei que lhe ia dar alguma coisa. Ainda correu para o carro e deu um murro no vidro e pontapés e partiu-me um par de óculos com os pés. A sua irmã, Ana, entrou em convulsões. Fomos lá a casa buscar um quadro mas já lá tínhamos ido uns dias antes e ele despejou um faqueiro num lençol. É uma pessoa problemática, conflituosa."
PINTO DA COSTA - "É totalmente falso que tenha tido qualquer contacto com essa senhora em termos de ofensas corporais. Vivi com essa senhora durante uns tempos, tive vários períodos em que deixer de viver e depois de Março de 2006 deixei definitivamente de viver com ela. Tinhamos feito um acordo com conhecimento de Lourenço Pinto: essa senhora podia escolher entre ficar com a casa na Madalena, a caça da rua dos Caçadores ou então vender as duas e comprar um apartamento. Continuei a ir à casa da Madalena para recolher as minhas coisas, entre as quais um quadro que a minha mãe me ofereceu quando fiz 50 anos (já foi há muito tempo...) e garrafas de vinho do Porto do ano do meu nascimento. Combinámos que ela ficaria com a mobília dos quartos e que eu iria buscar as outras coisas. Foi o que fiz nesse dia, ao princípio da tarde. Fui lá na companhia do meu motorista (que levou um furgão da SAD) e do senhor Nuno Santos (no meu carro). Estávamos a tirar as coisas quando ela apareceu. Não queria usar uma camioneta das mudanças para não causar aparato. A casa tinha também problemas de humidade na casa de banho e queria que o sr. Nuno Santos visse o problema pois é do ramo da construção civil. Pedi ao Afonso para recolher um móvel-faqueiro que era meu. Ele estava a levá-lo para o carro quando essa senhora apareceu. O faqueiro caiu no chão e ouvi o barulho. Quando me viu, essa senhora disse "vou-te matar, v..., não sei, senhor juiz, se posso dizer isto (diga, diga...), bem, disse: vou-te matar, vou-te foder. Eu cheguei-me para trás e ela tenta dar-me uma palmada na cara mas eu desvio-me e acerta-me no ombro. Ela estava a fazer uma grande gritaria. Fui para o carro e disse "Nuno, vamos embora que isto é o que ela quer, daqui a um bocado chama os jornais. Ela deu um murro no carro e desatou aos pontapés. Foi então que apareceu um amigo meu, o Eduardo Poças, que disse ter visto tudo e que se prontificou a testemunhar. Disse-me logo "ela está maluca, o senhor não fez nada". Algumas das coisas que não pude levar encontrou-as a polícia de Oliveira do Douro mais tarde na garagem da casa da rua dos Caçadores, que ficou para essa senhora. Dei pela sua chegada pelo barulho que fazia com o carro, como de costume. Aquilo parecia um rali, parecia o circuito da Boavista. Ela é assim a conduzir, todos sabem que destruiu um X5 na Ponte da Arrábida. E antes de abandonar a casa da Madelena, que já vendi, desfez a casa toda. O marido da sua irmã ligou-me nesse dizendo que estava aborrecido pois ela estava grávida e eu disse-lhe que não podia ficar aborrecido por isso e que nada tinha a ver com o que tinha acontecido. Quanto ao sr. Nuno Santos, é um amigo de longa data de Carolina, confiava nele, ao ponto de um dia, estava eu fora com a equipa, a Carolina me ter ligado à meia-noite dizendo que queria que ele a levasse a Lisboa. Eu não tenho medo. Lembro-me que o pai dessa senhora já disse num processo que quando me conheceu me disse 'o senhor tenha cuidado, não sabe com quem se está a meter'. Vivi com ela 5/6 anos com intermitências. Ela tinha a fobia das revistas e cheguei a ler numa uma cantora (Ágata) a dizer que ia cantar no nosso casamento quando nunca lhe prometi casamento, nunca. Um dia, no restaurante Bule, zanguei-me com ela pois ela deu duas bofetadas na minha filha e eu cortei. Na Luz, num jogo com o Benfica, sou alertado pelo telefone pelo senhor Joaquim Oliveira a dizer-me que ela está na Luz no meio da claque Super Dragões com um cartaz a dizer 'Ò Orelhas estou aqui'. Fiquei admirado. Não podia concordar ou não com essa situação porque a desconhecia. Critiquei-a por isso e proibi-a de voltar a andar com os Super Dragões."