UM DIA EM CHEIO...

A figura central do Apito Dourado não é aquela falsa loura que agora vive em Cabeço de Vide mas sim este homem que, titubeante, apoiado em canadianas. desce as escadas do tribunal de Gaia. O coronel, mais precisamente o empresário António Araújo. Figura central no processo da fruta, neste do envelope e noutros que entretanto foram arquivados. O homem que, no início de Dezembro de 2004, foi "dado à morte" enquanto Pinto da Costa seguia para Espanha na companhia de Carolina, deixando sobre a sua secretária, na casa da Madalena, embrulhos coloridos com destinatários vários mas vazios. Hoje, em Gaia, decorreu a 5. ª sessão do julgamento do caso do envelope. Carolina Salgado meteu os pés pelas mãos, de manhã, quando foi encostada à parede por Gil Moreira dos Santos, advogados de Pinto da Costa, que bem precisava de um dia assim para fazer esquecer o desastroso depoimento do juiz Mortágua. Carolina disse em sede de audiência o que não tinha dito na instrução e não disse o que ficou escrito no seu livro. Ou seja, a sua versão dos acontecimentos continua a ter muitas pontas soltas e demasiados pontos fracos. Ela classifica as incongruências com "forças de expressão" e os seus silêncios obviamente não explicam o que deixa por explicar. De tarde, lá estiveram, lado a lado, Jorge Coroado, Vítor Pereira e Adelino Antunes, com estes último, sem que ninguém lhe pedisse, a dizer que Pinto da Costa enquanto presidente do Organismo Autónomo que antecedeu a Liga foi "quem mais benesses deu aos árbitros". Na análise do jogo, todos o consideram dentro dos padrões de um jogo da I Liga mas desta vez ninguém ouviu Coroado dizer, como disse no tribunal de Gondomar, que não é com penáltis ou foras-de-jogo que um árbitro pode manipular um jogo mas sim "com lances no meio-campo". Depois, chegou a vez de falar Augusto Duarte. Falou, é verdade, mas surpreendentemente à porta fechada, com a juíza a entender que o seu depoimento podia causar dano às pessoas envolvidos no problema familiar que Duarte disse ter estado na origem da sua visita a casa do presidente portista, muito embora no inquérito tenha considerado o convite para ir lá "duvidoso". Como disse algumas postas atrás, neste processo não dá mesmo para acreditar em ninguém.
Talvez um dia o Coronel decida escrever um livro.