UMA REFLEXÃO

Segui com algum interesse os comentários feitos hoje sobretudo na imprensa sobre a decisão do juiz Artur Coimbra Ribeiro, segundo o "24", jornal sempre informado embora raramente presente no "local do crime", o juiz há mais tempo em actividade no TIC do Porto, onde muitas vezes a PJ encontra algumas dificuldades para rematar as suas operações. Bem, era o que esperava. Os que por norma quando se fala de Apito Dourado mantêm uma prudência púdica lá apareceram, até se estorvando nas páginas, a ditar sentenças, com aquela teoria tão do agrado de um amigo meu do "isto não vai dar nada, como eu sempre disse". Este é o país em que todos acertam as previsões depois do facto consumado, o que explica também o facto de sair tantas vezes a Portugal o euromilhões, ou não tivesse sido por aqui que um dia o zero saiu no sorteio do totoloto. Ok. Cada um serve o seu patrão e os seus interesses como acha que deve e como pode. Gravatas usa-as quem quer ou quem tem de usar. Percebo-os. O que não percebo é que apareça aí gente a falar de um assunto que ora nunca abordou, ora sempre minimizou. Como todos sabem, o Apito Dourado é uma realidade. Mal ou bem armado, uma realidade. Tal como a da nossa imprensa de circuito holding, tentacular e por norma limitada - não apenas pelos orçamentos - no seu raio de acção. Os leitores, penso, sabem distinguir as coisas e os que não estão para aí virados tomam as suas legítimas opções. O "Apito" há muito que se tornou numa questão clubística embora seja, antes de tudo, um caso de polícia. Pode até ser um caso pequenino, tipo roubo por esticão, mas existe, não foi inventando, embora tenha ganho uma dimensão que o está, de certo modo, a consumir por dentro, numa espécie de autofagismo. Devemos, por isso, analisar tudo o que está a acontecer com uma calma olímpica. Na certeza de que não só vamos ficar a perceber um pouco mais de...justiça como também certos de que o que está a acontecer não conta para o campeonato. Sobra o folclore. Sobra a vergonha dos paus-mandados. Sobra a fraqueza dos que não conseguem despir a camisola. Evidencia-se o medo dos tachistas ou dos fracos de carácter. Somos um povo de rabejadores ressabiados. Aqueles tipos que nunca atacam o touro, que se escondem e que aprimoram o último movimento, tentando colher louros que não são seus. É triste por um lado e engraçado por outro, por ser patético. Acho que continua a valer a pena seguir o instinto, ou seja, avançar, enfrentando as diversas feras que ferram e que nos podem, a qualquer momento, derrubar. Sempre com a sensação de que não seremos nós a fazer a história e que esta, como de costume, se cumprirá um bocado à margem do desígnio dos homens e...das mulheres. Tal como no poker agora tão na voga, não é por termos um par de reis na mão que temos a certeza de que não vamos perder para um trio de damas. Sobretudo quando pensamos que temos o rei na barriga. Um pouco mais abaixo há um órgão que costuma atraiçoar-nos, e volto a falar de homens e mulheres. Fiquem bem.