O CIRCO CHEGOU À CIDADE


O que aconteceu no CJ da FPF foi algo que nunca teria acontecido no tempo em que Adriano Pinto era vice-rei do futebol português. Prova-se que a cópia é sempre pior que o original. Certos de que iam perder (3-4 para o FC Porto e 2-5 para o Boavista), os recorrentes tentaram uma jogada final: invocar o impedimento de um dos conselheiros, Carrajola Abreu (que ia estar no contra) por ser perito nomeado para dirimir conflitos entre os clubes nas transferências de jogadores, dentro da esfera da FPF. Ora, Carrajola era perito antes de ser membro efectivo do CJ. Só passou a sê-lo em Abril do ano corrente, pouco mais de um mês antes de a Liga anunciar as decisões do Apito Final e de então até sexta-feira ninguém invocou o facto de poder haver alguma incompatibilidade. Dois conselheiros do CJ puseram-se ao fresco quando sentiram que vinha aí molho. Carrajola e o suplente restante avançaram. E foi por aqui que as contas ficaram "estragadas". Gonçalves Pereira - substituto do procurador Almeida Pereira no período pré-eleições e substituto do juiz jubilado Herculano Lima desde Outubro do ano passado, quando este bateu com a porta indignado com a redução do castigo de Valentim Loureiro que lhe permitiu continuar a ser dirigente desportivo e, consequentemente, presidente da assembleia geral da Liga - sabia que tinha consigo o seu vice-presidente, Costa Amorim, o deputado do PS para quem a corrupção está para a democracia como a gripe para o homem - ou seja, qualquer um pode apanhar o vírus e não há cura 100 por cento eficaz. Costa Amorim só citou um político europeu, ele que andava pelos corredores da Assembleia da República a clamar que isto do Apito Final não valia nada e que ia dar zero, até que José Sócrates o chamou e lhe disse para se moderar, pois o caso era delicado e o político da vila da Feira tinha responsabilidades para além da de co-organizador do jantar de homenagem a Pinto da Costa no Parlamento, ocorrido pouco depois de o presidente portista ter sido suspenso por 2 anos pela Liga... Ok, cada um joga com as armas que tem mas desta vez o "xito" foi anulado com um "contra-xito". Carrajola Abreu e Álvaro Batista (sobretudo este) bateram o pé ao desabrido Gonçalves Pereira e, enquanto ninguém sabia onde estava Costa Amorim ("estou aqui descansadinho em casa", disse no dia seguinte a O JOGO), este acabou a reunião à má-fila. Ou melhor, pensou que acabou. Os cinco conselheiros que ficaram, entre os quais o advogado visiense que estava contra o uso de escutas, entenderam que uma reunião não se acaba daquela maneira e como 5 continua a ser maior que 3 (o que implicaria falta de quorum) deram continuidade à reunião, devidamente secretariados pelos funcionários da FPF e depois de um contacto com Gilberto Madaíl. Segundo julgo saber, o vice-presidente Amândio de Carvalho estava presente na sede da FPF. Madaíl tinha o direito de acompanhar a reunião do CJ e devia tê-lo feito dada a delicadeza do assunto. Mas mais uma vez pôs-se ao largo. Deu no que deu. Duas forças em velocidade acelerada na direcção do choque frontal ganharam ainda mais impulso. Com Gonçalves Pereira claramente a tentar uma última jogada desesperada que deu nesta grande confusão. Vamos ver quem ganha no fim ou se é o futebol português que vai pagar mais uma vez os erros dos seus dirigentes de pacotilha.