
Esfrego os olhos.
Não, estou mesmo acordado.
Paula Teixeira Pinto, cujo marido saiu do BCP com milhões para se dedicar à pintura, defende a classe média que cada vez mais na mérdia está.
A autoridade para a concorrência afirma que não há cartelização das gasolineiras embora todos os portugueses saibam que está tudo concertado.
Continuamos sem saber se os combustíveis fósseis sobem porque os chineses e o indianos estão a consumir mais ou se é porque os "investidores" estão a apostar no crude.
Desde a Rússia, José Milhazes informa que os jornalistas das televisões nacionais não podem dizer mal do governo se não são despedidos. Putin que pariu o regime democrático russo...
Os norte-americanos passam a obrigar-nos a preencher um visto electrónico se quisermos ir comer uma sande de pastrami e Nova Iorque embora o Pingo Doce por vezes tenha o delicioso naco de carne à venda na sua charcutaria.
Nem tudo é mau. Parei o carro e um marroquino vendeu-me por uma módica quantia o novo Indiano Jones. Via-se bem.
Ok, também temos aí o Euro 2004. O tédio das crónicas patriotas, aqueles a quem complacentemente chamamos "emigrantes", como se o mundo ainda tivesse fronteiras, sobretudo nesta nova Europa.
Saramago foi à sua Azinhaga inaugurar uma rua com o nome da mulher e visitar a cama da avó. Não consta que o ministro da cultura tenha considerado o acontecimento empolgante. Nem eu.
As revistas que sobem de vendas todas as semanas mostram-nos pela 100.ª vez as melhores praias do mundo e os 100 alimentos que podem fazer bem à nossa saúde. Continuam excelentes para acompanhar as nossas excreções sólidas (ou nem tanto).
O JN mais uma vez mudou de figurino, passou a mostrar-se com a roupa bonita de um saloio que visita a capital.
O dr. House perdeu a pica, as outras séries misturam argumentos, os telejornais são chaaaaaaatos e só à sexta justificam a nossa concentração perante a iminência de uma explosão de produtos químicos e gorduras injectáveis na MMG.
Sobra o Sócrates. O Quique. O Rock in Rio. A promessa de Verão.
O costume. Ou seja, quase nada. Melhor que coisa nenhuma. Sim. Mas, caramba, não acham que merecíamos mais?