OS PAPISTAS


A pior coisa que pode acontecer ao Porto, cidade e área metropolitana, é ser defendido por uma confraria infelizmente consagrada como voz do Norte - em várias áreas da comunicação social e até do entretenimento - de uma forma que oscila entre o provincianismo e a inveja. Este Porto, dos papistas, convive bem com os diversos poderes e até com o poder que nas tertúlias e na blogosfera desdenha (por querer comprar): Lisboa. A capital, por sua vez, com todos os seus defeitos e défices democráticos, nem precisa de se esforçar muito para aproveitar este esforço simplório dos nortenhos encartados para evidenciar ao resto do país que, de facto, para pior já basta assim. Os rapazes que frequentam as marisqueiras do Norte e que gostam de fumar o seu puro prestam, sem o saber, um grande serviço aos "opinion maker" radicados em Lisboa ou em Bruxelas. Vem isto a propósito do chuveirinho que já se sente a propósito de um recente comentário de Pacheco Pereira, ex-frequentador do "Piolho", na SIC Notícias, no qual associou a violência urbana que se sente na Invicta à claque portista dos Super Dragões. Pacheco, sabe-se, não gosta de futebol. Pacheco, conhece-se, não gosta de Pinto da Costa. Pacheco, reconhece-se, às vezes exagera. Mas no fundo acaba por ser um dos poucos "produtos" do Porto que merece alguma credibilidade e respeito, pela sua real dimensão intelectual. Ouve-se o homem, lê-se o homem...e está lá, tem qualidade, pode-se não concordar mas tudo tem consistência e a sua independência é algo que se realça também. Pacheco Pereira é, de certa maneira, parte do património do Porto, embora o Porto que não saiu dos tacos, que desperdiça oportunidades e que vive de ressentimentos e de compradrios não o reconheça já como um homem do Porto. Felizmente por cá ainda há quem tenha vistas mais largas e não passe a vida a lamentar ser...lisboeta de pleno direito. Vamos por partes.

No Porto, nos últimos anos, há apenas 3 sinais fortes de afirmação:

- A capacidade desportiva do FC Porto de Pinto da Costa.

- A liderança efectiva e firme de Rui Rio na Câmara Municipal do Porto.

- A força e qualidade científica de alguns profissionais, por exemplo, aqueles que transformaram o Hospital de S. João no melhor hospital do país.
No plano cultural, é o deserto. No plano político, o caos. No plano social, o que se sabe. No plano da comunicação social, nada de especial para além de um "JN" há alguns anos com a mania que tem de ser um jornal nacional e que talvez por isso perdeu a liderança...nacional para um jornal que começou por ser um jornal apenas de Lisboa, o "CM".
O Porto vive, por isso, preso no seu labirinto e até os seus grandes arquitectos preferem trabalhar em Lisboa.
As Elisas, os Cardozos, os Gomes, os Almeidas, os Torres e os Baptistas tão cedo não nos deixarão em paz. Mais grave, os seus acólitos, os tais papistas, esses muito menos.
O Porto não tem culpa. Mas não merecia ser identificado com esta canalha.
PS - Permita-me apenas sugerir-lhe uma ligeiríssima, ainda que relevante e sobretudo justa, correcção ao seu post “Os Papistas”, quando afirma que «No Porto, nos últimos anos, há apenas 3 sinais fortes de afirmação». A Porto Editora é a maior editora portuguesa – e não apenas nos últimos anos... – e, mais importante ainda, a mais dinâmica e inovadora editora nacional, com projectos únicos que alcançam sucesso apesar dos espíritos contrários de determinados centros políticos e, ao mesmo tempo, têm reconhecimento internacional. Sempre com investimento próprio e sem pedir favores a ninguém (Paulo Gonçalves)