A VISÃO NEGRA DE RUI MOREIRA


Apesar de ser um homem muito condecorado, Rui Moreira desde há muito tempo que vem mostrando ser também um adepto do blogosfera. Foi, pois, sem surpresa que lemos, no Portistas de Bancada, um "relatório" seu sobre as contas do FC Porto. O "dono" do Palácio da Bolsa, no Porto, uma das jóias patrimoniais da Invicta, assume-se cada vez mais como potencial candidato à sucessão de Pinto da Costa, embora o facto de ser "paineleiro" possa não ajudar muito (ver o que aconteceu a Pôncio Monteiro). Diz Moreira, no PdB, que a situação económica da SAD do FCPorto para o futebol - sim, pois existe outra para o basquetebol - é "muito negativa". Segundo o presidente da Associação Comercial Portuense - não confundir com a Associação dos Comerciantes Portuenses da dona Laura - vive-se "uma situação aflitiva", com os custos de pessoal a não baixarem o previsto, e ainda a 4 milhões de euros do projectado, e com dívidas na ordem dos 50 milhões de euros também a ensombrarem as contas. Note-se que Moreira não fala de cor, fala na qualidade de membro do Conselho Superior do FC Porto e depois de ter acesso às contas e aos planos para a próxima época. Esclarece ainda que o FC Porto conseguiu, no último exercício, mais valias de 24 milhões de euros com a venda de jogadores, aqui não incluindo a mais valia de Pepe (28.7 milhões de euros) e também não entrando os 6.7 milhões de euros que o FC Porto pagou pelo restante de 50 % do passe de Lucho. Lamenta Moreira que face a um valor do plantel estimado em 80 milhões de euros, o mercado de capitais continue a não acreditar neste potencial, de aí resultando uma capitalização bolsista na ordem dos 30 a 40% do valor referido. As acções do FC Porto, aliás, estão próximas de um mínimo histórico, estando a ameaçar descer da marca dos 2 euros (recorde-se que, há já alguns anos, o mercado abriu com os papéis a valerem 5 euros). É este tipo de análises que, infelizmente, não conseguimos ler nos sítios onde elas deveriam ser feitas. Rui Moreira habituou-nos à sua frontalidade e tem a coragem para ler os números como estes devem ser lidos. E é assim também que se vai fazendo o caminho...

A realidade das SAD portugueses que operam no negócio futebol é, aliás, fácil de retratar. As socidades continuam despesistas (com mais despesas que receitas) e só conseguem ter resultados medianamente positivos quando vendem jogadores. E depois? Bem, é uma maneira de chegar lá, mas o risco sobe...