CHOQUE FRONTAL

Rui Santos lançou hoje em Lisboa o seu livro "Estádio de Choque". Nas entrevistas *** que já deu a esse propósito, o Rui, de quem sou amigo sobretudo desde que deixamos de trabalhar n'A BOLA, tem sido bastante crítico em relação ao jornalismo desportivo que se pratica. Há quem veja nisto algum ressentimento. Eu não. O Rui tem este feitio e a verdade é que tem também alguma razão. Mas nem tudo é mau. O jornalismo desportivo que se faz pode não ter as grandes canetas do passado mas não é muito diferente daquele no que se refere à sua colagem aos chamados grandes clubes. A nossa memória é que costuma ser curta. Uma visita a uma biblioteca perto de nós com arquivo de jornais depressa nos leva a esta conclusão. É colossal a diferença de nível literário mas há que reconhecer que hoje os jornais são diários e que o espectáculo e o público também mudaram. Querer reduzir isto tudo ao menor denominador comum não é correcto embora possa ser útil no jeito de grito de alerta. O conformismo nunca fez nada a ninguém e nesse aspecto o Rui é rei. Pelo menos para mim, embora nem sempre concorde com ele.
***"Sou muito crítico da nossa imprensa desportiva, porque acho que ela, que também tem um papel útil sem dúvida, enferma de uma ligação demasiada afectiva entre quem a dirige ou edita e os principais protagonistas do futebol. Com uma particularidade ainda mais negra, na sua relação com os empresários." In O JOGO