A MORGADINHA

O país parou com a nomeação de Maria José Morgado para a coordenação do Apito Dourado. Um conhecido cronista até considerou o dia da sua nomeação o melhor de 2006 e outro disse que os Capones já estão a tremer. Como já disse, há muita gente a salivar ante a perspectiva de eliminar o presidente mais ganhador de sempre do futebol português. A questão agora é outra: será que a Morgado vai conseguir desenterrar processo arquivados e espetar a faca nos engenheiros-chefes do nosso futebol? Das duas uma: ou a justiceira consegue acusar e condenar algumas dessas figuras e com isso faz também o PGR marcar pontos, ou a montanha irá parir um rato e aí Pinto Monteiro livra-se de um problema. Mas essas são contas de outro rosário. Interessante agora será ver até onde a Morgado e a sua equipa vão conseguir aprofundar uma investigação com contornos levianos e que ficará reduzida a estilhas se as escutas não forem validadas ou se o tribunal considerar inconstitucional a lei da corrupção desportiva. Se assim for, só sobrará o caso dos jogos do Gondomar e do Sousense e com pouca coisa para oferecer, para além de umas voltas de filigrana e de uns tantos presuntos e garrafas de vinho. Coisa pouca comparada com os computadores portáteis que um clube da Honra oferecia há bom pouco tempo ao trio de arbitragem ou aos envelopes em dinheiro pelo Natal para distribuir pelos fiscais de linha que não chegaram às mãos daqueles porque os intermediários ficaram com a massa. Sim, eu sei, o Apito apurou que um clube da Liga principal oferecia telemóveis a árbitros e até consta que um conhecido personagem comercializava os mesmos. Tudo isto é bonito, tudo isto é fado. Mas o que eu gostava mesmo de ver era a Liga ter a sua "polícia de costumes". Não era difícil. O que eu sei muita gente sabe. Nem é preciso investigar. A Liga e a FPF podiam resolver facilmente os problemas de corrupção que existem. Acreditem que saía muito mais barato que esta megainvestigação que está a custar caríssimo ao Estado e que quando muito vai ser um maná para o batalhão de advogados que a ela assistem.

PS - Quanto à agressão de que fui vítima, em 89, na tal cena em que o presidente do Belenenses (Mário Rosa Freire) disse que os seguranças do FC Porto tinham ido para o Restelo com G-3 e metralhadoras nas malas dos carros, os ingratos do costume lançaram o anátema de que gostei de levar uns pontapés. Nem vou discutir isso. Apenas posso acrescentar de que na altura fiz eco suficiente do caso (abri o telejornal da "2:" com a Manuela Moura Guedes) e apresentei a respectiva queixa na PJ. Cumpri a minha obrigação, penso eu de que, não me queiram obrigar é a ser selectivo com os personagens do mundo do futebol. Tanto mais que não sou homem para guardar rancores ou para alimentar ódios de estimação e tenho por Pinto da Costa uma admiração sincera. Para mim há muito tempo que a lenda ultrapassou o homem.