PAREDES e APITACHOS


Um hiato de vez em quando só faz bem. Purga. Mas o que ficou por dizer, é dito agora. Antes de tudo o mais, quero falar do Paredes que foi eliminado em Alvalade no último minuto do tempo regulamentar. Uma equipa exemplar. Apenas com 5 meses, o projecto liderado por Pedro Silva é tudo o que o futebol português não é: sóbrio, simples, objectivo. O clube tem meio milhar de miúdos nos escalões de formação, os seniores treinam os petizes, o clube tem um ATL para os seus craquinhos e até uma escola de dança. Tudo nas instalações do clube. Sem luxos mas funcionar. O director-geral, Fernando Valente, é a alma do projecto. O treinador, Rui Quinta, a sua força activa. Quinta, note-se, perdeu em Alvalade com um penalti mas no fim disse, com todas as letras, que foi bem marcado, e podia nem ter falado no assunto... Com mais de metade do plantel nado e criado em Paredes, este é um clube que excepciona a regra. Orçamento controlado (250 mil euros), ambição também controlada, juventude e inteligência, experiência e capacidade. O Paredes esbarrou no muro de Alvalade mas merece o meu aplauso.
Agora, Apito Dourado. Está aí a acusação. São cerca de 400 páginas num processo com mais 17 mil. A acusação saiu em linha com a investigação feita pela Polícia Judiciária, iniciada no Verão de 2003. Uma investigação que põe a descoberto a "rua escura" de que falava Carlos Carvalhal quando treinava o Leixões. É por ali que também passam os árbitros a caminho da 1ª categoria. Bem-aventurados o que escapam...ao poder dos dirigentes dos clubes e das comissões várias. A morte do futebol "associativo" já estava anunciada. Depois deste processo, se não acontecer será mesmo caso para todos desistirmos deste futebol ferodento. O Governo só tem um caminho: tirar as associações de futebol do caminho, entregar o futebol a profissionais que não dependam de favores e de esquemas para se perpetuarem no poder. Pode parecer difícil. Mas é o único caminho possível.