O NOME DO PATO


Defrontar o FC Porto na semana em que tem de jogar com o Liverpool com 8 pontos de diferença, embora com a vantagem residual de ter vencido no Dragão e por 2-0, não é propriamente algo que estivesse nos projectos dos 147 mil benfiquistas que, segundo Luís Filipe Vieira, o clube da Luz já tem. A derrota em Guimarães esteve em linha com o moral do treinador Pato Ronald, que no fim do jogo deu por certo a diferença de 8 pontos para o FC Porto, embora o rival só jogasse no dia seguinte. Koeman, vá que não vá, aí acertou. Espera-se agora que acerte também no “onze” e na estratégia que vai montar para o jogo do nada ou talvez tudo. Sim, porque mesmo vencendo o FC Porto o Benfica não ficará em bons lençóis, com 5 pontos de diferença para os dragões e a restarem apenas dez jornadas (30 pontos) para o fim do campeonato. Mais a mais, com o Sporting embalado e pronto para aproveitar de qualquer forma o resultado do duelo da Luz, na certeza de que o que mais interessa, nesta caso, até é a…vitória do Benfica. O futebol tem destas coisas, transformando, pontualmente, rivalidades em amizades precárias. No fundo, nada melhor que uma relação de amor-ódio para dar “pica” às nossas santas vidinhas, apoquentadas que elas andam pelos devaneios do ministro da Saúde e dos Problemas Mentais, pelas novelas da TVI e pelos protestos dos professores que não querem ser monitores dos tempos livres dos seus alunos. No país em que todos protestam e pouco fazem pela vida, é natural que também o futebol por vezes entre na neblina dos sentimentos e da razão, deixando confuso qualquer ser civilizado que aqui aterrasse e fosse capaz de compreender a língua. Posto isto, vamos ao clássico, que já se faz tarde, e na certeza de que até lá muito se dirá sobre as tácticas possíveis e sobre o que a história escreveu. Depois, em 90 minutos apenas outra história será escrita. Para os 147 mil sócios do Benfica e mais uns tantos milhões de adeptos espalhados pelos cinco continentes, pelas ilhas e pelos atóis deste Mundo será tempo para provar se Walt Disney se enganou quando deu o nome ao pato mais famoso dos cartoons. Atenção, estou a falar apenas de desenhos animados.