O SAPO

O sapo subiu para a folha e arregalou os olhos...
- Cum raio, ainda não chegou a Primavera, e já aí estão as aves de arrivação?

Estavam mesmo. Verdadeiros passarões.

O sapo tremeu de frio e apeteceu-lhe voltar ao charco mas perdeu tempo a pensar e viu-se antecipado.

No sapal, o maior dos passarões mandou vir as entradas.
Os sapinhos trouxeram salgados e molhados.
Seguiram-se os rojões.

A conversa era esquisita. Apitos, apitadelas, papas (não as de sarrabulho), comissões, jornalistas, árbitros...

O sapo queria voltar ao charco mas o charco continuava ocupado.

Duas horas depois, a festa acabou. O passarão pagou a conta.

O sapo já não assistiu. Ficou ali petrificado, colado à folha. Sonhando transformar-se num fóssil. Porque um fóssil não precisa de estar no pântano para sobreviver.