MEIRIM


Antes do mais, o perfil deste imortal, repescado de "O Expresso":

Em 1970, Joaquim Ribeiro Meirim, aos 35 anos, estava na primeira linha do «imaginário mitológico» do futebol português. Dizia então que «quando entregue a uma missão, desapareço do mundo e dos familiares» e que o futuro era passado. Hoje, porém, o «mito Meirim» é um passado sem futuro. Aos 16 anos, este minhoto estudava na Ferreira Borges, trabalhava num escritório, nadava no Algés e jogava futebol no Atlético. Mudou de emprego, virou-se para a marinha mercante e correu mundo. Tirou o curso de treinador em 1962, na Cruz Quebrada, e em 1967/68, estreia-se na I Divisão, com o Desportivo da CUF, que estava na última posição da tabela. Com Meirim os cufistas recuperam até ao 9.º lugar. Protagoniza então o seu primeiro «caso». Devido a uma entrevista em que criticava os técnicos portugueses tem a carteira profissional suspensa por 14 meses. Depois, é contratado para dirigir o Varzim, que nesse ano cumpre a mais gloriosa época de sempre. É então que, através dos meios de comunicação social, as suas frases «bombásticas» o tomam o mais controverso fenómeno do futebol português. Depois foi o Belenenses, onde entrou a garantir que seria campeão e que as outras 13 equipas jogariam para o segundo lugar. Centrou na praia e no pinhal a preparação na pré-temporada - uma opção que faria escola. Depois de correrem nus na praia, os futebolistas trepavam árvores, cortavam troncos e cheiravam as folhas dos pinheiros. nA maneira de ser «à Meirim» entrou na gíria popular. Mas o «Belenenses campeão» foi um sonho falhado. O declínio, porém, surgirá depois de 1974. Foi activista sindical entre os treinadores de futebol e em 1976 surgiu como candidato à presidência da Câmara de Matosinhos, na lista da FEPU, a coligação de hegemonia comunista. Admite que as suas opções ideológicas contribuíram decisivamente para que «caísse em desgraça» depois de 25 de Abril. Passou por Angola e Moçambique. Há três semanas, deixou mais um clube - o Louletano -, considerando «esgotadas as hipóteses de subida». Voltou a ser «só, única e exclusivamente um humilde, simples e modesto treinador», como ele próprio se definia há quase 20 anos, no auge do seu período de fama.

Agora, uma estória, contada por Rui Dias, um jornalista *****, raro, portanto:

Meirim treinador do Belenenses. Jogo no FC Porto. A equipa do Belém viaja de comboio, no "Rápido". Perto da Invicta, Meirim reúne as tropas e informa-as que vão ser recebidas com hostilidade em Campanhã, onde 8 Mercedes esperam os jogadores. "Vamos ter batedores e pedi para ligarem todos os 'pinonis', para que os portuenses tenham uma dúvida: 'Ou vai ali o Presidente dos Estados Unidos ou a equipa do Belenenses e como não consta que o PR do USA venha cá...". No dia do jogo, Meirim disse que a equipa não iria entrar, como manda a tradição, com a bandeira do FC Porto. Acabou por entrar após muito suspense. O Belenenses perdeu mas isso hoje é o menos importante.