CAJUDA NO BENFICA, JÁ!!!


Gosto do Manuel Cajuda. Não o conhecia bem mas no início de Verão, estava ele desemprego, tive oportunidade de conversar com ele três ou quatro horas. Já o tinha entrevistado e tinha gostado. Cajuda é um daquele treinadores que a nós, jornalistas, dão títulos bons em cada três frases. É um homem com ideias e arrojado e que desafia verdadeiramente o "status quo". Num mundo cada vez mais pobre ideologicamente, no qual as teorias do dr. Louçã se misturam com a do dr. Paulo Portas, esta qualidade deve ser estimada, sobretudo se tivermos em conta que o futebol é mundo ainda mais dominado pelos poderes reinantes e pelo seu conversadorismo.
A semana passada, Cajuda teve arcaboiço para aguentar uma polémica com o Benfica, que é de longe, hoje, o clube que mais domina o sistema futebolístico e tudo o que está a jusante e a montante do mesmo. Talvez isto lhe pareça exagero mas acredite que é esmagador.
Pois bem, Cajuda aguentou-se bem na polémica com Veiga e Koeman e quase ganhou ao Benfica na chamada "batalha naval". Tenha-se ainda em conta que Cajuda é o único treinador português que tem um presidente, o empreiteiro e empreendedor Aprígio Santos, que usa chapéu! O que só o qualifica ainda mais.
Cajuda é aquele treinador que por muitos feitos que consiga nos clubes médios ou pequenos nunca irá ter a oportunidade de treinar um grande. E porquê? Antes do mais, é algarvio, ou seja, um bocado pior que mouro. Depois, nunca foi presidente do sindicato dos jogadores. A seguir, porque não usa gel no cabelo (ou na careca) e embora tenha usado sobretudo muito antes de Mourinho não tem a figura do "Special One".
Comparo Cajuda ao queijo da serra, ao pastel de tentúgal, ao vinho do Dão, aos ovos moles de Aveiro e às respectivas enguias de escabeche e às alheiras de Mirandela. São todos artigos que não são para exportação. Gostamos deles, não há melhor, mas basta apresentarem-nos um obscuro camembert, um vinho martelado da Califórnia, uma trufa austriaca fora de prazo ou caviar russo de 3ª qualidade e, pronto, está esquecido o que é bom e só nosso.
Não esquecer também que Cajuda é Manuel e que Manuel é o protagonistas das anedotas dos brasileiros!
Mas deixem-me sonhar. Gostava de ver Cajuda a treinar o Benfica. Gostava de vê-lo com acesso livre às páginas dos jornais e aos melhores jogadores. Acreditem, o homem ia arrasar. Porque Cajuda sabe de futebol e ao mesmo tempo diverte-nos. Ou seja, torna o futebol uma coisa menos chata, menos teórica e com uma simples frase põe toda a gente a mexer na tertúlia da tasca e na tertúlia maçónica.
Cajuda é o Zé Povinho do futebol português, é o que de melhor tem o ser português.
Eu cá voto nele para treinador do Glorioso e sonho com o dia em que isso vai acontecer. Nem que seja no "Futebol Manager 2006".