DAI LÁ LAMA


Ontem, domingo, passei a tarde em Canedo, logo ali a seguir a Crestuma. Fui ver o campeonato de futebol na lama! Não vi lá empresários, olheiros ou treinadores de bancada. Mais de duas mil pessoas curtiam o espectáculo e quando falo de espectáculo não estou a exagerar: na lama, o futebol tem outro alma. É bola lá, bola cá, vale quase tudo e ninguém reclama a entrada da maca. Os espectadores não podem dormir na forma pois a qualquer momento podem ser salpicados de lama ou levar com uma bola de lama. Para ajudar à festa, três roulotes e a entrada, que custou um euro, a dar direito a um fino ou a uma bebida de cápsula. No meio de um dos jogos, um espectáculo extra: dois elementos de equipas diferentes envolveram-se numa cena de pancadaria, caíram no recinto de lama e o jogo teve de ser interrompido por um inesperado momento de luta na lama. O futebol nos seus primórdios deve ter sido assim... Dos jogadores que vi em acção, gostei especialmente de dois: o Adamastor e o Sá Pinto. Presumo que integraram a equipa que foi campeã.