PETER PÃO QUEIJO QUEIJO



Simplício, simplista como sempre, simplesmente simplificou a simplicidade do suplício que superou o superior suprimento e a síntese simples igual ao princípio que foi o começo do início da partida. E tudo o vento levou é não apenas o título de um filme mas também a inspiração para muitos títulos da nosso futebolância: E tudo Bento levou (quando jogava o Manuel Galrinho), E tudo Toninho marcou, E Tudo Toninho sonhou. O jogo, diz-se, tem normalmente duas partes distintas: a primeira e a segunda. E as equipas dos fundos da tabela competem com as oficinas de automóveis pois lutam pela manutenção. A permanência também não soa bem, sua se calhar melhor… Bem, certo é que no segundo poste costuma estar sempre alguém, quanto mais não seja o Gabriel Alves. Agora já fazem dicionários de futebol, eu compreendo, o futebol tem dinâmica não apenas na ponta da bota, também revoluciona a língua. Estão a ver como a pastilha está a fazer efeito? Desta vez não divago devagar no divã que a diva me deu e onde deus disse adeus às deusas. Sim, eu sei que nunca ganhamos o festival da canção e que os nossos jornalistas são chatos. Teve sorte o Ferreira Fernandes ao aprender a ler nos magazines brasileiros, ainda hoje os melhores, veja-se sobretudo na Veja como isto é ou devia ser. Os estragos podiam ser piores. Temos o FF, temos o MST, temos o Mário Mesquita, temos o Pedro Mexia, temos o Rui Cardoso Martins, temos o Ricardo Pereira, temos o João Pereira Coutinho, o Alberto Gonçalves e o João Querido Manha. Provavelmente também o José Mourinho, sou obrigado a confessar. Não é muito mas chega para nos consolar. Os bons jornalistas correm o risco de castração ou então vendem-se à burguesia. Já dizem que o melhor canal do cabo é o Memória, neste momento estou a ouvir Portugal golear, em 1994, o Liecheinstein, a televisão emite uma cor esquisita e os comentadores são os que hoje ainda ouvimos a comentar, mas tudo parece que se passou há milhares de anos, aí vão sete, marcou o Paulo Alves, a noite promete e o Humberto Coelho diz que Portugal está a jogar para marcar, já suspeitava, não pensem que não gosto do Humberto, gosto, foi o melhor central de sempre do nosso futebol e pôs a nossa equipa a jogar lindo no Europeu que Bélgica e Holanda dividiram. Sim, estou quase curado, quase curvado, quase cunhado, quase tramado… A noite adentra-me e gosto de sentir o seu calor e o seu bafo. É como cheirar a terra depois de uma chuvada de Verão, ou um bom sabão no nosso sotão numa noite de talvez sim, talvez não, antes porém contudo todavia e, obviamente, o pelo contrário.