SANHUDICES FATAIS

AS CONVERSAS QUE TRAMARAM O VIZELA
Antes do jogo. Sanhudo conversa com Benjamin Castro dirigente do Vizela:
BC – Posso estar à vontade para domingo?
PS – Então não podes porquê?
BC – Eu é que estou a perguntar...
(...)
PS – Podes, podes (...) dorme descansado.
BC – (...) Depois a gente conversa; tá bem?


Depois do Fafe-Vizela:



BC – (...) os gajos de Fafe (...) três penalties (...)
PS – (...) até reclamaram quatro.
BC – (...) o árbitro esteve muito mal; três penalties, não marca nenhum...
PS – (...) Puta que o pariu!
(…)
PS – (...) há ali aquele lance; quando a bola bateu no braço; a primeira vez bate no braço (...) mas a segunda vez (...) eu ia marcar falta; ó pá, mas quando olho para os pés dele, ele está aí um palmo dentro da grande área (...) eu vi, ó pá, mas os gajos a foderem-me a cabeça atrás — penalty!, penalty!, penalty! — (...) e eu levo o apito à boca (...) e vejo o jogador dentro da área. Foda-se! Esta merda é casual também! (...) Não marquei nada (...) e depois tive que fazer aquele filme todo (...) os vossos jogadores também estavam a abusar um bocadito (...)
BC – Ah! Mas aquele segundo amarelo (...)
PS – Ó pá, não sabia que ele tinha amarelo.
(…)
PS – (...) senão aquela merda ainda ficava mais incendiada.
(…)
PS – (...) houve uma vez que eles puseram-se em frente dos jogadores e ele chutou contra eles e a bola saiu pela linha lateral e eu até mandei fazer o lançamento (...)
digo eu, já não é livre; é lançamento, foda-se; você não tinha nada que chutar a bola (...) e eu tinha que cravar cartão amarelo ao vosso jogador.
(...)
PS – Eu era, eu era para dizer ao vosso xerife a ver se havia possibilidades de aí, o, se algum está ligado à construção ou a alguma coisa de hotelaria, que era para ver se ajudava aqui o núcleo com alguma coisita (...)
BC – (...) que é preciso para hotelaria?
PS – (...) precisava de um data show mas isso é caro.
BC – O quê?
PS – Um retroprojector (...) uma arca refrigeradora (...) também é um bocadito puxado (...) pedi um orçamento (...)
BC – (...) E construção civil o quê?
PS – (...) já arranjei quase tudo (...) agora o lamparquet (...) não, o flutuante (...) fica-me por 1400 contos equipar o auditório (...) agora eu digo assim, vou ligar ao Castro a ver se há lá, se algum director tem alguma, alguma empresa disso, ou de informática (…)
BC – Não, não tenho (...)
PS – Eu tenho que me desenrascar noutro lado; tenho que foder algum (...) senão esta merda está-me a arder na carteira (...)
BC – Depois conversamos sobre isso, está bem?


À conversa com um tal Miranda:


M – Eu soube que andou para aí um árbitro a foder o Fafe (...) que puta de ladroagem que aquilo foi (…) foi um gajo de Fafe que é meu amigo (...) que foi ver o jogo (...) e diz ele ó pá, se visse aquela merda, o gajo roubou... Mas ele não sabia que tinhas sido tu...
(...)
M – ... o gajo roubou o Fafe; ele devia estar bem comprado. E eu disse, ai os árbitros vendem-se? (...) estava a gozá-lo. Diz ele: (...) você havia de ver o jogo, penalty, o gajo ali dentro da área, derrubado, e o gajo siga, não é nada (...) pequenas faltas contra o Fafe marcava tudo.
(...) PS – Mas saí de lá em beleza; em beleza!
Pedro Sanhudo já não anda por cá e dificilmente irá explicar estas conversas em tribunal. Aliás, no que respeita ao Gondomar manteve o silêncio durante o julgamento do processo originário. O industrial da panificação de S. Salvador do Monte, especialista em pão de Padronelo, é uma figura simpática e em "off" explicou-me algumas coisas. O seu argumento principal é que apenas pedia coisas para equipar o Núcleo de Árbitros do Baixo Tâmega, com sede no Marco de Canaveses. Note-se que Sanhudo esteve uma época na 1.ª categoria nacional, tendo um dos árbitros apadrinhados por Avelino Ferreira Torres enquanto este foi presidente do Conselho de Arbitragem da A. F. Porto. Outro dos árbitros que também caiu no goto de Avelino foi, curiosamente, Rui Mendes, o homem que espoletou, com uma denúncia no MP, todo este processo...