PC 27



É com alguma relutância que aqui estou para falar, embora com algum atraso, dos 27 anos de presidência de Pinto da Costa.

Estava a ver se conseguir passar sem falar no assunto mas a sucessão de baboseiras que vi escritas nos últimos dias fez-me mudar de ideias.

Porque Pinto da Costa não merece tantas banalidades e não precisa que se repita o seu currículo como dirigente desportivo.

O presidente do FC Porto devia poder fazer um embargo a este tipo de parvoíces de pessoas que pouco privaram com ele e que o que dele conhecem foi o que leram aqui e ali.

Acompanhei o presidente do FC Porto durante muitas das suas iniciativas, de Toronto ao país profundo, em dias de alegria e outros (poucos) de tristeza, dele já mereci as maiores atenções e também algumas raivas que entendo.

Ele sabe, e eu sei também, que nunca houve contrapartidas nesta relação sobretudo consubstanciada quando trabalhei no jornal "A Bola", onde a direcção e a chefia de redacção fazia questão que fosse eu a acompanhar o presidente portista quando este viajava pelo país e pelo Mundo.

Não esqueço, pois, o dia em que fui surpreendido por alguém que nadava nas águas do Mussulo, em Luanda, ao encontro do nosso grupo e que era ele mesmo. Ou a viagem quase frustrada até às cataratas do Niagara, onde posou durante largos minutos sob um lampião para que o Paulo Santos conseguisse uma imagem decente do presidente nas célebres quedas de água.

Nunca estive em sua casa e nunca viajei no seu carro, embora nele me tivesse sentado um dia quando ele preparava uma entrevista na TVI com o Henrique Garcia.

Dele recebi dez volumes encadernados da revista "Dragões" - com o primeiro número assinado - aos quais retribui com uma singela oferta de um livro sobre a vida de José Régio, que sei ser um dos seus poetas preferidos.

Sempre e disse, e nunca de tal duvidei, que Pinto da Costa é o que um dia António Oliveira classificou como um "adiantado mental". É um homem que vive para o seu clube e que sabe muito de futebol. Alguém que, apesar de muitas vezes mal rodeado, sabe gerir as tensões e que se faz respeitar na creche que é sempre um balneário. Um dirigente que respeita os seus treinadores se estes respeitarem não apenas o presidente.

Nos últimos anos, a vida de Pinto da Costa conheceu algumas atribulações. A relação com Carolina Salgado - pela qual esteve perdidamente apaixonado - não lhe deu muito saúde mas a verdade é que não lhe tolheu o juízo nem o comprometeu seriamente. Ou seja, Pinto da Costa conseguiu sobreviver ao furacão que foi a passagem pela sua vida da jovem Carol.

A caminho dos 72 anos, o presidente do FC Porto continua a coleccionar títulos. Mas isso não é o mais importante, ao contrário do que as últimas crónicas indicam. Importante mesmo é, para ele e para o FC Porto, manter viva a chama e nunca baixar os níveis de lucidez.

Pinto da Costa, meus amigos, fez há muito tempo o que só agora Hugo Chavéz se lembrou de fazer: adiantou o fuso horário portista e a concorrência ainda não reparou.

Agora, por favor, não façam é tanto barulho para nada. O herói desta história não merece ser já embrulhado em ruído fútil. Até porque os seus inimigos provavelmente vão ter de esperar muito pelo dia do seu funeral.
PS - Amigo Vila Pouca: não é por nada mas acho completamente desnecessário nos comentários que faz referir-se sempre a terceiros, o que obviamente me obriga a usar o "lápis azul". Infelizmente você, tal como outros, continua a confundir tudo. Pode ter a certeza de uma coisa: sei muito bem onde acaba a minha privada e começa a minha vida profissional, não preciso de lições nesse campo. Até estranho que continue a cair nesse erro pois você é uma pessoa que me conhece bem e, como tal, sabe o que a casa gasta. Quanto ao que os outros pensam de mim, é lá com eles.