A ilha do enxofre

Não vi o filme, só li o livro de Bradley, filho de um dos homens que levantam esta bandeira no topo do monte Suribachi, em Iwo Jima. "As Bandeiras dos Nossos Pais" é um livro-reportagem imperdível, que conta não apenas a história desta foto que deu um Pulitzer a quem a fez. Um foto feita sem que Rosenthal estivesse a espreitar pelo visor e que se salvou num rolo no qual entrou luz na revelação. Uma foto que os próprios jornalistas polemizaram quando se insinuou que tinha sido encenada. Parece que não. Para além das histórias dos "heróis", fica-se a saber que para além desta cena houve ainda muitos mais dias de morticínio e que o último japonês a render-se só o fez 3 anos depois de os EUA tomarem posse da ilha estratégica, que permitia o rebastecimento das fortalezas voadoras que atacavam o Japão. Também os mais de 70 jornalistas que acompanharam a acção bélica pensaram que a batalha estava ganha ao fim de uma semana de combates e depois de colocadas as bandeiras no topo do Suribachi. Diz-se que uma imagem vale mais que mil palavras. Mas não há nada como as palavras que constroem uma boa história sobre um momento que se eternizou. Aos jornalistas sobra a incomodidade de sentirem sempre que podendo estar a viver e a relatar a história nem sempre, ou quase sempre, se apercebam da grandeza do momento. Porque a história, no fundo, precisa de tempo para ser contada, tal como a massa dos rissóis.