As minhas histórias (7)


Como está quase a fazer 20 anos sobre o acontecimento, eis mais uma sobre o famoso 'Mundial de Saltillo'.
Era um dia de folga e a tribo jornalística foi convidada para assistir a um rodeo, nos arredores da cidade de Saltillo, em pleno planalto mexicano, com a sierra maestra pelas costas e os states a duas horas de viagem. Lá fomos. O assédio começou bem cedo nas bancadas, com trocas de moradas, sorrisos e encostões. Ambiente tipicamente mexicano, com sombreros, animação, tacos, tequilla e muitos touros. Espectáculo dentro do esperado, mas com o salero local, sem o plástico dos filmes. Até aí, tudo bem. Eis senão quando os jornalistas portugueses são convidados a dar uma perninha. Todos os olhares focados em nós, ninguém se descosia, a alma lusa ia ficando de rastos. E foi aí que eu e o António Carneiro nos oferecemos. Pensávamos que íamos apenas defrontar uns tantos vitelos. Já na arena, deparamos com meia dúzia de ajudantes entre o maltrapilho e o vagabundo. Um momento de tensão e eis que se abre a porta. Por onde sai uma manada tresmalhada de possantes bois. Pânico na parelha portuguesa. Todos nos meio, os bois a correrem à volta. Situação empatada. Subitamente, a manada tresmalha. É a confusão. Só volto a "despertar", depois de 5 ataques de pura adrenalina, quando vejo o Carneiro a placar um boi. Coube-me a função de rabejador (função que às vezes continuo a praticar fora das arenas). O boi não foi ao pó da arena mas andou perto. Saímos quase em ombros, com o estatuto de heróis. Diz que viu que estivemos várias vezes perto do desastre.

Mas lá que foi um momento, sem dúvida...mas que momento!

Saltillo, em tudo inesquecível.