RONALDO CAIU NA REAL

Custou mas foi. Cristiano Ronaldo, pensando pela sua cabeça ou contando com a ajuda de terceiros, resolveu colocar um ponto final numa gigantesca novela em que, para além de principal personagem, desempenhou também o papel de argumentista, conforme confessou em declarações recentes. A tão propalada mudança para Madrid abortou. Talvez no futuro venha mesmo a acontecer, mas por agora o futuro do madeirense passa por Inglaterra, pelo Manchester United. Como sempre defendi, creio que esta é a melhor solução para o internacional português, independentemente de, no que ao dinheiro diz respeito, constar que o ordenado em Espanha seria ainda mais chorudo do que o actual. E isto sabendo que, em terras de Sua Majestade, o rapaz – justamente, acrescente-se – já não ganha propriamente mal... E penso que este é um final feliz por várias razões. Porque o jogador é o “dono da festa” na equipa de Alex Ferguson; porque foi o clube britânico que lhe proporcionou a ascensão meteórica dos últimos anos (que lhe deverá valer em breve o título de melhor futebolista do planeta); porque os “red devils” são os actuais campeões ingleses e da Europa; porque as qualidades do futebolista – pese suficientes para brilhar em qualquer parte – encaixam como uma luva no típico modelo de jogo praticado na “Premier League” e ainda porque, quando existem contratos válidos, uma das partes só pode interromper a ligação se a outra estiver de acordo. Neste caso concreto, Ronaldo só teria hipóteses verdadeiras de se mudar para Madrid se o Real, em vez de ter andado a brincar às transferências (contando com o apoio da “sua” imprensa), tivesse apresentado, logo no começo da estória, uma proposta concreta. E, claro, se os ingleses estivessem dispostos a aceitá-la, algo que julgo nunca ter acontecido. Ou se foi equacionado, terá sido esquecido a partir do momento em que Ferguson ameaçou bater com a porta caso o português deixasse Old Trafford.Tendo em conta a forma como toda a “novela” foi evoluindo, gostava agora de saber se Joseph Blatter, o tal que ainda é presidente da FIFA apesar de ter uma valente queda para o disparate, tem alguma coisa a acrescentar. A esta hora, provavelmente, continua preocupado com a escravatura no futebol, enquanto o Mundo assiste, perplexo, a um ror de embrulhadas referentes ao torneio olímpico de futebol. Mas, acreditando que o senhor está a fazer alguma coisa de útil, se não fosse pedir muito também podia pensar em medidas punitivas para os clubes que, pela calada, resolvem pressionar um profissional com contrato válido com outro emblema, sem antes apresentar uma proposta séria aos legítimos proprietários do seu passe desportivo. O futebol, seguramente, agradeceria a atenção...
LUÍS AVELÃS