O BENFICA DE KOEMAN

Esta foto fantástica é do António Simões, um "clicker" de alto coturno. Dos pés para a cabeça, Ronaldo Koeman ou a melhor forma de construir uma equipa. Ou seja, primeiro assentando bem os pés no chão (defesa) e depois ousando olhar mais em frente (ataque). Num tempo dominado pela "operacionalização" de José Mourinho, na sua metodologia traduzida por "periodização", as verdades puras e duras do futebol continuam a fazer a diferença. Reparem como o Benfica mesmo com o estreante Rui Nereu na baliza, por lesão de Quim, não tremeu na sua defesa. Porquê? O mérito não é só de Koeman, também é e outra coisa não seria de esperar de quem foi um dos dez melhores centrais da história do futebol. O mérito é sobretudo do velho Geovanni Trapattoni. O italiano fez a sementeira e colheu os primeiros frutos. Koeman está a pisar terreno trabalhado. Se não lhe colocarem minas e armadilhas no caminho, vai também fazer história no Benfica. Pelo menos este treinador não adapta extremos a laterais ou médios e centrais. É o mínimo que se pode pedir a um treinador de uma equipa de grande dimensão: que respeite os princípios do desporto-rei e que não consinta ser sistematicamente desrepeitado pelos seus jogadores no balneário e no campo de trabalho. Em síntese, que não queira fazer a diferença inventando e que saiba inventar quando é preciso fazer a diferença. A diferença entre o bestial e o besta está algures neste intervalo e também na forma como se manipula a batuta que dirige a orquestra. Nem sempre o cabeludo desgrenhado é o melhor maestro...
PS - Em Villareal, onde domina um industrial da cerâmica, num estádio que é um vulcão, o Benfica fez um jogo francamente positivo. A forma como reagiu ao golo sofrido é sintomática quanto à força que renasce no campeão. Não é para todos empatar e ir ainda à procura da vitória, como aconteceu. Os benfiquistas só podem estar felizes, embora continuem a um ponto do FC Porto e a quatro do Braga...