A LIGA à 8ª jornada




SP. BRAGA – Confirmada a qualidade do trabalho realizado por Jesualdo Ferreira. A vantagem adquirida para a concorrência é significativa (3 pontos para o FCP, 4 para o SLB, 7 para o Sporting). Mas mais relevante é a qualidade do jogo jogado. O Braga é uma daquelas equipas que fazem jogadas de 10 toques, sempre a acelerar a bola. Tem um guarda-redes em grande forma (Paulo Santos), os dois melhores centrais da Liga (Nem e Nunes), o melhor lateral esquerdo da Liga (Jorge Luiz), um trinco de grande qualidade (Andrés Madrid), dois médios força-talento (Jaime e Vandinho), um médio talento-força (Hugo Leal), um ala que muito promete (Davide), outro que é uma confirmação (Luís Filipe) e o “matador” João Tomás está de volta.

FCPORTO – Início soluçante, sem definição estratégica, com equívocos tácticos vários e alguma sobranceria. Adriaanse apalpou, apalpou e conseguiu sair da neblina mais ou menos intocado, com um 4x2x4 “del neriano” mas que está a dar frutos. Na defesa não estava a virtude mas o regresso de Pedro Emanuel restabeleceu o equilíbrio. Ainda se espera pelo desabrochar de Diego enquanto Quaresma resolve de trivela. Hugo Almeida finalmente a afirmar-se, comCarthy tristonho mas aqui e ali útil. Lucho declaradamente uma mais valia, Paulo Assunção finalmente com uma oportunidade decente. A “coisa” pode compor-se.

BENFICA – Abertura desastrosa e agora…cinco vitórias consecutivas. O campeão renasceu. Muito bem afinada já a dupla de centrais (Anderson/Luisão) embora Rocha continue a ser um problema – não há maneira de refrear a sua impetuosidade. Nelson, a revelação. Manuel Fernandes a subir, Petit igual a si mesmo. Karagounis e Karyaka finalmente mostram serviço, enquanto Micolli recupera. Nuno Gomes com racha goleadora, Simão e Geovanni sempre na brecha. O Benfica não é uma equipa que domine e esmague, continua a dar muito espaço na sua zona defensiva, mas é sem dúvida a equipa que mais e melhor ataca.

NACIONAL – Um ar de sua graça. Os 15 pontos somados já são quase metade do que é necessário para garantir a permanência. A equipa de Manuel Machado beneficia do “factor Choupana” mas, atenção, ainda não perdeu fora de casa nem sofreu golos na condição de visitante, tendo somado 8 pontos! Veremos como se comporta nos jogos com o Estrela e com a Naval, equipas teoricamente do seu campeonato…

SPORTING – Ruínas sobre ruínas e a confusão cada vez mais confundida…até Peseiro receber guia de marcha. Ufa! Já não dava para aturar os seus lamentos e as suas explicações. Um bom treinador não é só o que treina bem… Peseiro perdeu-se no seu labirinto e arrastou Dias da Cunha, um verdadeiro cromo da bola. Ainda vai a tempo sob o comando de Paulo Bento? Com Polga e Beto na defesa será difícil… A crise de Ricardo também ajudou à “festa”, vamos lá ver se não tem qualquer recaída. Os miúdos são bons de bola e neles reside a esperança, que é verde. Sá Pinto, apesar de tudo o elo mais forte. E Liedson, claro, resolvendo quando menos se espera… Deivid e Pinilla – fracas alternativas. Silva sem oportunidades.

BOAVISTA – Perdeu ao fim de oito jornadas. Sem brilhar, é uma equipa que tem apresentado alguma regularidade exibicional. Brito não tem muita matéria-prima mas lançou bem os alicerces. Equipa suficiente para consumo caseiro mas claramente deficitária fora do seu território, onde averbou 3 empates e 1 derrota. João Pinto ainda muito longe de ser o verdadeiro artista, Fary já a mostrar as unhas da pantera, Zé Manuel intermitente, William Souza desastroso… Demasiados desequilíbrios nas unidades, contrabalançados pela coerência da linha táctica de Brito. Se não descolar dos primeiros nas próximas jornadas, podemos ter de novo Boavista.

RIO AVE – António Sousa a confirmar-se como um treinador que sabe o que quer e até onde pode ir. O seu Rio Ave joga para a frente, sabe agredir e até já conseguiu duas vitórias fora de casa. É uma equipa que chega depressa à baliza do adversário e que conjuga experiência (Idalécia, Niquinha) com atrevimento. Se continuar nesta zona tranquila da tabela, pode ser surpresa pela positiva.

V. SETÚBAL – Os grandes heróis. Norton de Matos “cozinhou” uma nova equipa com sangue africano. Risco de extinção altíssimo por incompetência de quem administrou o clube nos últimos anos. Lamentável.

GIL VICENTE – Ulisses Morais está a mostrar ser um treinador para a Liga principal. Continua com um discurso redondante, às vezes incompreensível, mas a sua equipa não inventa, tem processos simples, uma defesa forte e alguns recursos ofensivos. E um estádio pequeno mas exemplar.

NAVAL – Excelente. Os dez pontos já conquistados valem ouro. 11 golos marcados, 11 sofridos. Cajuda mais uma vez a inventar uma equipa e jogadores. Grandes índices físicos, que permitem que a equipa seja explosiva quando precisa de ir à procura do prejuízo, como se viu no jogo com o Belenenses.

P. FERREIRA – Fica a sensação de que podia estar melhor. Mas também fica a confirmação da empatia entre José Mota e os “castores”. Performance fraca fora de casa (3 golos marcados, 9 sofridos) mas consistente em casa (7 marcados, 4 sofridos). Um ataque muito agressivo e com algumas revelações.

ESTRELA – Toni a fazer omeletas com poucos ovos. Manu em grande destaque. Ainda sem derrotas na Reboleira, esta é uma equipa que vai vender cara a condição de favorita à descida.

BELENENSES – A decepção. Quatro derrotas consecutivas. Impensável na equipa que todos diziam ter sido a que melhor se reforçou abaixo da zona grandes. Os azuis são a única equipa que ainda não empatou, o que os confirma como uma equipa de 8 ou 80. Silas e João Pedro em choque pela posição dez numa formação onde Marco Aurélio começa a tocar o prazo de validade.

U. LEIRIA – Levantada do chão por Jorge Jesus – um treinador com um discurso trôpego mas de grande eficácia neste tipo de missão –, sem massa crítica, apresenta sinais nítidos de recuperação. O pior “score” da Liga fora de casa, com 4 golos marcados e 10 sofridos.

ACADÉMICA – Arranque frouxo, sem muitos sinais de retoma. Não fosse a vitória em Alvalade e estaria enterrada. A procissão ainda vai no adro e ainda estamos em tempo de latada e não de queima das fitas. Convém não subestimar o profe Nelo.

GUIMARÃES – Um dos piores scores da Liga, com 5 golos marcados e 12 sofridos, mas sinais nítidos de recuperação dos níveis anímicos e futebolísticos. Jaime Pacheco está a conseguir unir as pontas. Mas é preciso rapidamente sair da boca do aspirador. Targino a fazer a diferença, Saganowski cada vez melhor.

MARÍTIMO – Depois de uma aposta furada num treinador da casa, finalmente uma vitória para animar a malta da poncha e do Brisa de maracujá. Começa a ser difícil já saltar para a frente de batalha.

PENAFIEL – A única equipa sem vitórias, o pior score da Liga: 5-16. Jogos próximos, com Académica (em casa) e Gil Vicente (fora), podem ser sinónimo de recuperação ou sentença antecipada. E acaba de se lixar na Taça com 4 secos!