INSOLVÊNCIA


Lobo Antunes imortalizou uma frase de Carlos Gomes, um dos grandes guarda-redes que o Sporting teve, dita quando bateu com a porta e foi jogar para a Espanha: “No hay dinero no hay portero”. Era isto que alguns clubes mereciam ouvir dos jogadores que treinam quase todos os dias, que jogam uma vez por uma semana e que não recebem ao fim do mês. É o caso do Vitória de Setúbal, onde há já, conforme revelou esta semana Bruno Ribeiro, quem só possa comer batatas fritas ao almoço. O drama do Vitória de Setúbal é, por ora, só parte do drama de clubes como o Tirsense, o Farense, o Leça, o Académico de Viseu, o Salgueiros e o Alverca, entre outros emblemas. Demasiada dependência da autarquia, a falta de projectos empresariais, a ausência de “input” entre os associados do clube e as sociedades desportivas formadas, compadrios, conluios, regionalismos balofos, caciquismo, soberba e uma contabilidade criativa são as ervas daninhas que transformam rapidamente o futuro apenas em saudades do passado. É triste ver alguns dos grandes clubes portugueses nas mãos de accionistas incompetentes que ali apareceram no jeito de salvadores da pátria. Em vez de salvarem, empenharam ainda mais os clubes. Razão tinha o senhor Alfredo Farinha…