SÍNDICOS


O Sindicato dos Jornalistas (SJ) considera que a campanha publicitária que tingiu de azul algumas páginas das edições de 28 de Setembro dos jornais diários, ao servir de suporte gráfico à informação jornalística, "põe em causa, de forma ínvia, o princípio da clara separação entre publicidade e informação". Segundo o SJ, em comunicado hoje divulgado, é "chocante a submissão dos órgãos de comunicação ao recurso publicitário utilizado", já que o fundo azul da referida campanha se prolonga por "páginas estritamente editoriais", agravando o "risco de confusão entre conteúdos jornalísticos e mensagem publicitária".
Este comunicado do SJ expõe algumas das razões que explicam a quebra de circulação dos jornais. Por causa de puristas assim é que o barco está a meter água e não por causa da Internet ou dos telemóveis 3 G... A corporação continua a ser dominada por "comissários" obtusos que como gastam quase todo o seu tempo em favor da causa jornalismo, por norma contribuem pouco para o processo produtivo dos jornais. A publicidade e o jornalismo felizmente evoluíram. Jornais com fundo azul em dia de jogo do FCP era algo que podia soar a heresia mas não foi por aí que puxaram o rabo à porca. O problema está, ao que parece, na fronteira entre jornalismo e publicidade. Ainda hoje nas redacções há algum pudor em, por exemplo, referir os nomes dos hotéis para não se fazer publicidade. Não se faz publicidade mas dá-se uma informação vaga, é isso que conta? Ou será que o jornalista que redige a notícia vai passar essa noite ao hotel? Balelas. Aqui há uns anos, o "Correio da Manhã", não por acaso hoje líder de audiências e vendas, fez, sob a direcção de Vítor Direito, a quem nunca se fez a devida justiça, uma manchete a propósito do regresso do detergente TIDE - TIDE ESTÁ DE VOLTA. Caiu o Carmo, a Trindade e os Clérigos. Mas o CM tinha razão. O CM nunca foi uma instituição de apoio aos jornalistas corporativistas, com tempo para seminários e debates sindicais. Por isso é campeão. Porque, como outros, depressa aprendeu que é na publicidade que estão os melhores criativos e os melhores redactores (vide Fernando Pessoa, Alexandre O'Neil...). No mercado da minha terra as peixeiras não anunciam as fanecas simplesmente como peixe. Dão-lhe um nome, um tom e uma cor que nos atraem para a banca. A força da PUB não é uma força que deva envergonhar os jornalistas. Ao contrário, deve servir de exemplo. Estejam atentos aos vossos filhos e reparem no mundo deles, onde a PUB tem um lugar especial e é também informação.
Quanto aos limites, pois bem, temos de partir do princípio que os nossos leitores são inteligentes e como tal capazes de os distinguir perfeitamente, pois não usam as lentes miopes dos corporativistas do regime, os mesmos que, por exemplo, fecham os olhos ao veto vergonhoso de grandes clubes ao direito de estar e de informar.
Confesso que me custa muito pagar as quotas todos os meses.