NOVOS CAÇADORES




Nos bastidores das transmissões televisivas, não só as da Sport-Tv, movimenta-se uma equipa que não joga para ganhar, para empatar ou para perder. Eles dão pelo nome de "Media Luso" (se não estou enganado) e asseguram o hardware, o software e o saber-fazer das produções em questão, sob a orientação, obviamente, dos profissionais, muito competentes, da Sport-tv. Aliás, esta estação é um exemplo nacional de perfeccionismo no campo da produção, do que são exemplo as grandes reportagens da rubrica, felizmente de volta, "Report-TV", simplesmente o que se faz de melhor no nosso jornalismo desportivo (créditos de Luís Miguel Pereira e da sua equipa). Os homens dos bastidores das transmissões são os primeiros a chegar aos estádios e os últimos a partir, com os seus camiões-régies. Mas só damos por eles quando, no fim, alguns cabos em manipulação ameaçam a nossa estabilidade, enquanto terminamos o serviço numa bancada exígua (que ainda as temos!). Em Penafiel, sábado, vinha-me embora, com cinco quilos de tecnologia e de arquivo às costas, quando reparei que no camião-régie se ouvia música e se terminava mais uma noite com a mesma descontracção de uma patrulha militar após um dia de missão sem baixas, numa qualquer tapada africana. São estes os momentos especiais, que por vezes nós, jornalistas da escrita, também vivemos depois dos grandes jogos, quando o stress acabou no final da transmissão de dados e fotos e a equipa se junta para uns comes e bebes pela noite fora. Como aconteceu em Gelsenkirchen ou em Sevilha. Há trabalhos onde a rotina também acontece. Mas onde acontecem sempre momentos de evasão. Como nas caçadas neolíticas, com uma fogueira no meio, as mulheres e as crianças a dormirem nas cavernas e todo o tempo do mundo pela frente.