DEIXEM-ME POUSAR!


Hoje foi um daqueles dias... Bem me parecia que estava a mudar a estação. Uma grande "moca". Não sei como, atravessei a Rua Manuel Pinto de Azevedo e fui ao Rei dos Sofás fazer de conta que queria comprar um. Estive quase para perguntar se podia ficar ali a dormir uma meia horinha mas tinha cinco páginas para fechar. Quando um jornalista tem páginas para fechar isso quer dizer apenas que vem aí mais um dia nulo. Fica fechado na toca e tenta não estragar muito o trabalho dos outros. É triste mas tem que ser, até há quem goste disto...arre! Eu tenho saudades das grandes planícies, das reportagens impossíveis, das surtidas em terreno proibido, das terras desconhecidas, das conversas com histórias e das histórias com conversas. Tenho realmente saudades do tempo em que era jornalista mochileiro, catador, aventureiro. Num dia faziam-se cinco reportagens, o carro avariava pelo meio, chorávamos com a conta do mecânico, contávamos o dinheiro para o bitoque do jantar mas, caramba, aquilo é que era curtir. Já não vamos também tendo vida para tanta correria. Só tenho pena...era isso mesmo, aquele sofá verde, almofadado, estava mesmo a pedir uma soneca antes de rematar o dia. Hoje à noite vou sonhar que Deus é o gerente do Rei dos Sofás e que me espera no paraíso com 67 modelos diferentes e 43 almofadas quentes... Ah, claro, antes de adormecer vou ler um desportivo, melhor que umca caixa de Lexotans.
A evolução do homem deu nisto. Muito melhor que qualquer caçada ao órix - uma soneca no sofá!