Amesterdão, de 28 para 29/9 de 2005


Já estive algumas vezes em Amesterdão. Na primeira também a acompanhar o FC Porto. Tenho em casa uma foto já adoentada na qual poso com o Manuel Serrão, que na altura era jornalista, e bom, de 'O Comércio do Porto'. Durante alguns anos guardei na carteira o ticket do museu do sexo e estimei um cartaz que descolei na rua. Era o início dos 80's, quando ainda era possível mudar o mundo. De 28 para 29 do mês 7º , no ano de 2005, depois de muita rodagem nestas vidas, de altos e baixos e umas tantas passagens por esta cidade, finalmente pude perceber algumas coisas. O haxixe marroquino ajudou e o dia ia longo e quando estamos relaxados e também cansados é mais fácil rir e perceber. Andar sem mapa é do melhor mas a verdade é que nesta cidade acabamos sempre por ir parar lá - ao Red Ligth District. Onde as nacionalidades ainda mais se confundem entre as ruas estreitas e os canais sujos e negros. Uma percentagem elevadíssima de humidade, 22 graus à meia-noite, com as mãos a tornarem-se pegajosas, ao tom do local. Fétiches e artesanato vários, orientais e africanas, novas e velhas, gajos , cocaína e pastilhas à solta, demasiados restaurantes argentinos, gente a cambalear, outra perfomante, muitos diletantes, voyeurs (vulgo pestaninhas), a gente da aldeia nas mesmas esquinas e nas mesma montras. Preço de tabela, 50 euros, negociável a partir dessa base, conforme as mordomias. Parar para ver. Muitas vezes antes da cortina correr ainda dá para vislumbrar o cliente a despir-se primeiro, cansado das voltas e mais voltas, completamente apanhado na armadilha. A mais velha profissão do mundo, dizem. Degradante? Sem dúvida: a lascívia tem vários graus, o pior mesmo é quando é experimentada... 'Red Light' em mais uma noite de muitas que aconteceram e vão acontecer. Uma ambiência de selva urbana algures num planeta muito distante chamado Amesterdão. Uma serena noite de Verão, na passagem de 28 para 29 de Julho, no princípio do século XXI, dois dias apenas antes do fim do mundo. Afinal não urgia mudá-lo.