TROVOADA EM LISBOA

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Esta semana preparava-me para almoçar na companhia de malta jovem, numa cidade nortenha onde tenho passado uns dias em trabalho de campo, quando fui surpreendido por um jogo feito por eles. Era quase uma da tarde o plasma do restaurante estava sintonizado na TVI. O desafio passava por adivinhar a notícia de abertura do jornal da tarde daquela estação. Várias hipóteses na mesa: o debate político do dia anterior, a selecção nacional... Ninguém acertou. O noticiário abriu com a notícia de uma trovoada em Lisboa que provocou alguma confusão na corrida de todos os dias para o coração do país de uns tantos suburbanos acondiconados em latas baratas.É o país que temos!Lisboa continua a capitalizar todas as atenções. E quem diz Lisboa, diz também os principais clubes daquela que foi sempre a mais pujante cidade portuguesa. Desde já informo que não sou um daqueles portugueses que só atracam na capital por absoluta necessidade. Vivi ali 6 anos e ali deixei muitos amigos. É certo que tive a sorte de viver em alguns dos locais mais castiços da capital (Bairro Alto, S. Vicente e...Intendente). Lisboa é uma cidade surpreendente sobretudo nas suas pequenas aldeias urbanas povoadas de provincianos.Quer-me parecer que Lisboa é mesmo a mais provinciana e paroquiana das cidades portugueses.A falta de assunto não pode explicar que um noticiário abra com a "notícia" de uma trovoada em Lisboa.Essa trovoada foi realmente importante.Volvidos 246 anos sobre o último grande terramoto que atingiu Portugal, perdão: Lisboa, não queremos imaginar o impacto mediático de uma situação semelhante na actualidade. O resto do país não quer ver Lisboa de novo a arder - ao contrário do que às vezes sugerem certas claques... -, o país só está placidamente à espera do dia em que um pé de vento se atreva a destruir os jardins de S. Bento para ser abertura de noticiário. No fundo, rir continua a ser o melhor remédio para o que sobra de um país que ainda chora a lisboetização do João Malheiro, do Rui Veloso, da Judite de Sousa, do Júlio Magalhães e de 1.345 agentes da PSP.