HOJE ESTIVE TODO O DIA A "FODERE"

Bancada de prensa: às vezes apetece pôr a cabeça no cepo
Hoje estive todo o dia a "fodere".
Concretamente, a cavar.
Em Lousada, com os meus colegas da FLUP, tentando explicar melhor uma "domus" romana.
É o meu escape para um quotidiano por vezes enfadonho.
Sim, eu sei que tenho uma profissão especial: pagam-me para ver jogos de futebol.
Mas todos devem concordar comigo que em muitos jogos é algo que se justifica perfeitamente.
De regresso à "realidade", deparo com um país em choque com a possibilidade de Portugal falhar o próximo mundial e com os habituais painéis de comentadores.
Continuo a entender que depois do Rui Santos é tudo paisagem mas a verdade é que no domingo passado adormeci a ouvir o meu querido ex-chefe de redacção in A BOLA.
O que se pode justificar com o facto de ter sido o curador de cinco miúdos com idades compreendidas entre os 8 e os 9 anos durante todo o domingo...
Mereci, por isso, passar o dia seguinte a "fodere", recuando dois mil anos de enxada na mão.
Ao contrário do que possam pensar, a minha vida não se resume ao que acontece no futebol. Sinto necessidade de repetir isto até no café aqui da rua. E até nas escavações sou por norma confrontado com as perguntas mais básicas sobre futebol e jornais desportivos, pois acham piada à presença de um jornalista desportivo naquele tipo de actividade.
É uma forma que encontrei também para relativizar o que acontece jornada a jornada. Não é uma desistência, é apenas uma forma de tirar a pressão possível a um ambiente dominado por esta.
Pelos jogos e pelas horas de fecho dos jornais que apertam.
Pelas sensibilidades feridas só porque não nos demitimos de relatar determinadas situações.
Pela própria trepidação das redacções.
Pela rotina.

Não me levem a mal. Um homem que passou o dia a "fodere" tem direito a dizer algumas baboseiras sobretudo se já dobrou as 47 Primaveras.