VIRGÍLIO MENDES

Vai hoje a enterrar Virgílio, o "Leão de Génova", um dos grandes nomes da história do FC Porto. Coube-me ontem a missão de falar de Virgílio a propósito dos piores motivos. Infelizmente, fui eu a transmitir a Carlos Duarte, seu antigo companheiro de equipa, a triste notícia. Depois de um longo silêncio, Carlos Duarte tentou revelar firmeza na voz quando disse não ter dúvidas que Virgílio foi o melhor defesa-direito que viu jogar. Eu não o vi jogar. Falei apenas uma vez com ele, no Lar do FC Porto, a propósito de um jogo do passado. E jamais esqueci as suas lágrimas de pura saudade ao falar daqueles heróis do seu tempo entretanto desaparecidos. As mesmas lágrimas que provavelmente Carlos Duarte deixou cair enquanto tentava não vacilar no retrato que lhe pedi sobre Virgílio. As grandes glórias do futebol português não deviam ser recordadas apenas quando morrem. Um futebol sem passado é um futebol sem futuro. Mas outros interesses, imediatistas, se levantam...

Aqui destaco um belíssimo comentário de um leitor do BnA:
Virgilio foi um dos ídolos da minha infância. Porque era jogador do Porto e porque era um grande jogador.Quantas vezes, eu e os meus companheiros de futeboladas infantis, nos imaginávamos ser o Hernâni, o Carlos Duarte, o Monteiro da Costa... o Jaburu! Eu gostava de adoptar uma pose à Virgilio e tentava imitá-lo naquilo que pensava que o Virgilio faria, mesmo sem nunca o ter visto jogar. É que nesse tempo não havia TV, ou estava ainda a fazer tentativas para aprender a andar e ver o F.C.Porto jogar numa aldeia perdida de Trás os Montes era algo que só poderia acontecer na minha infantil imaginação e na dos meus companheiros, todos portistas, com uma excepção, muito mal vista, mas bem aceite.Virgilio partiu, paz a sua alma! Mas continuará a viver na memória daqueles que o admiraram.Virgílio é um daqueles a quem o Poeta se refere quando escreveu sobre "Aqueles que por obras valorosas, se vão da lei da morte libertando".