PONTO FINAL


Vai para aí um grande banzé a propósito do castigo aplicado a Lisandro por simulação de uma grande penalidade, mesmo entre os puristas das novas tecnologias.

Expurgando clubismos e fanatismos (o que vai dar ao mesmo), ficou claro que o argentino simulou, e bem, a grande penalidade que permitiu ao FC Porto reduzir os danos na recepção ao Benfica.

Ora, tardou ainda um pouco até cairmos na real e percebermos que no Regulamento Disciplinar da Liga foi introduzida uma alínea que pune este tipo de situações, no caso de o árbitro considerar que foi enganado pelo jogador. Fomos todos enganados. Para uns, bem. Para outros, mal.

O problema é que a lei existe e se existe é para ser aplicada.

Foi o que fez mais uma vez a CD da Liga. Esta CD que tanto incomoda porque, ao contrário de outras, não navega ao sabor dos interesses particulares do clube. Em síntese, não cai na tentação do tráfico de influência - e delibera!

Obviamente, todas as suas deliberações podem ser contestadas. O que tem acontecido. O último resultado é conhecido: o Conselho de Justiça da FPF não só vem afirmar, no caso dos recursos do Apito Final, que não só não foram juntos novos meios válidos de prova como também a prova produzida foi suficiente, independentemente das escutas. Não foi isto que hoje vi em destaque nos jornais mas sim o facto de PC já poder falar de futebol... É triste verificar que a nossa Imprensa segue também o caminho mais fácil, não valorizando o genérico e sublinhando o particular, o que resulta essencialmente de duas razões: uma certa cumplicidade com os produtos que são vendidos e ignorância de quem pratica o ofício. Mas essa é outra questão...

A que aqui me traz é outra - a verificação de que, afinal, os processos disciplinares desportivos que resultaram do Apito Dourado estão validados pela justiça desportiva e que não foram martelados, ao contrário de outros, num tempo em que os órgãos disciplinares do nosso futebol estavam povoados por juízes desembargadores que conhecem uma bitola para a corrupção desportiva mas nunca mexeram uma unha para a combater.

Sei que é difícil quem foi penalizado - na minha opinião até com alguma benevolência, no caso do FCP - reconhecer que se fez justiça e que a acção desta CD da Liga e dos dois CJ da FPF representam uma espécie de salto quântico no nosso futebol. Salto que só poderá concretizar-se quando deste mundo saírem aqueles para quem, durante anos, os fins justificaram todos os meios. E aqui não estou a falar só, ao contrário do que possam pensar, nos suspeitos do costume...

Quando estamos a horas de conhecer o acórdão do único processo relativo a Pinto da Costa que foi a julgamento - e que, na minha opinião, acabará com a absolvição dos arguidos por falta de indícios e, como tal, in dubio pro reu... -, fica este sublinhado sobre o trabalho exemplar de uma Comissão Disciplinar da Liga que recebeu um processo cheio de teias aranhas das gavetas onde tinha sido arrumado e que conseguiu, em tempo recorde, produzir acórdãos que mais tarde ou mais cedo acabarão num lugar de destaque na história do nosso futebol.